Boneco de Neve- Jo Nesbo
Boneco de Neve, Jo Nesbo, Record, 7ª edição, Rio de Janeiro,2016
Título original: Snomannen, Aschehoug, 2007
" Era o dia em que a neve veio. Às onze horas da manhã, enormes flocos surgiram de um céu incolor, invadindo os campos, os jardins e os gramados de Romerike, como uma armada vinda do espaço sideral." (pág. 7)
" - Todo verão, as focas de Berhaus se reúnem no estreito de Bering para acasalar.Como os machos são a maioria,a competição pelas fêmeas é tão feroz que aqueles que conseguem conquistar uma parceira ficam com ela durante todo o período de acasalamento.(...) _ Mas, antes de as focas deixarem o estreito de Bering para procurar comida no mar aberto, o macho tentará matar a fêmea.Por quê? Porque uma foca fêmea de Berhaus nunca se acasala duas vezes com o mesmo macho! Para ela, isso significa distribuir o risco biol´gico do material genético(...). Para ela, é biologicamente racional ser promíscua, e o macho sabe disso.( pág 14)
" - Está com fungo?- O homem fez a pergunta com expressão séria. Um longo tufo de cabelo estava grudado de viés na sua testa. Trazia debaixo do braço uma prancheta de plástico com uma folha cheia de coisas impressas."
(...)
- Seu vizinho está com mofo.
- Ah, é? E você acha que pode ter se espalhado?
- Mofo não se espalha. Podridão-seca se espalha." ( pág.15)
Este Boneco de Neve não tem nada a ver com a canção natalina " Frosty, the Snowman", definitivamente não.
Pensando bem, a canção, se fosse citada no livro ou tocada na adaptação do livro para o cinema ( com péssimas críticas por sinal) soaria sinistra.
Temos aqui o clássico assassino em série, um detetive atrás de respostas, uma comunidade assustada, e bonecos de neve.
Costumo dizer que após ler tantos livros do gênero, ficamos um pouco calejados com "mais do mesmo", Jo Nesbo veio para minha estante devido a sua nacionalidade, geralmente suecos, noruegueses, escrevem ótimos policiais.
Para mim, Mons Kalentoft e Stieg Larsson continuam a ser os melhores.
Ou comecei pelo livro errado.
Boneco de Neve tem uma boa trama, mas perde-se um pouco na vida pessoal do detetive Harry Hole, suas traições amorosas, problemas familiares que, penso, serem um anexo desnecessário e mal desenvolvido.
O desenvolvimento da investigação em si, é bom, com as reviravoltas que , de praxe, tentam fazer com que o leitor não desista do livro.
Um personagem enigmático, "o homem do mofo" é o que deixa o leitor a pensar se ele seria ou não o Boneco de Neve, mesmo depois do caso solucionado, o leitor fica na dúvida e isto é um ponto positivo da narrativa.
A menção às focas de Berhaus no estreito de Bering, também não é gratuita, faz uma ponte com o assassino, outro ponto positivo.
Talvez o livro mereça uma segunda leitura, para eu tentar encontrar mais pontos positivos, algo que me escapou da primeira vez.
Porém, como fiz apenas a primeira leitura, minha impressão não foi das melhores.
Pode ser que ao reler, faça uma segunda resenha, mais positiva, ou se calhar, não.
O que me deixou estupefacta foi o comentário do The Sunday Times na contracapa do livro " Tão arrepiante quanto o Silêncio dos Inocentes"; totalmente descabido, o clássico de Thomas Harris é centenas de vezes melhor.
A adaptação para o cinema também não recebeu as melhores críticas, até o momento desta resenha, não assisti ao filme, portanto não posso opinar.
Deixo o espaço aberto, tanto para mim, visando uma segunda leitura, quanto para vocês, para discordarem, acatarem, enfim, terem suas próprias impressões acerca do livro.
Vamos aguardar....