domingo, 28 de julho de 2013

Stephen King- A Biografia- Coração Assombrado- Lisa Rogak

Stephen King-A Biografia-Coração Assombrado
Lisa Rogak



Stephen KIng A Biografia- Coração Assombrado, Lisa Rogak, DarkSide Books, 2013, Rio de Janeiro.
Título original- Haunted heart- the life and times of Stephen King,2008.


"Steve e seu irmão descobriram a EC Comics, sigla para Entertaining Comics, em meados dos anos 1950.Os garotos adoravam os fantasmas, zumbis e demônios apresentados nas revistas bimestrais Tales from the Crypt, The Valt of Horror e The Crypt of Terror." (pág.28)

" A partir de MCBain, ele progrediu para Edgar Allan Poe e John D.MacDonald,
passando por todos os clássicos de terror, crime e ficção. Logo ele se tornou o primeiro da fila quando o Livromóvel voltava para a cidade." (pág.33)

" Ele ainda começou a escrever tanto quanto lia a cada momento livre,quando não estava na escola ou ajudando a mãe nas tarefas diárias, estava escrevendo ou lendo." (pág.36)

" 'Há algumas coisas que faço quando me sento para escrever', explicou. 'Eu pego um copo de água e uma xícara de chá. Há um horário certo para sentar, entre oito e oito e meia, em algum momento desse intervalo de meia hora todas as manhãs. Tenho minhas vitaminas e minha música, sento na mesma cadeira, e os papéis ficam dispostos nos mesmos lugares. O objetivo é fazer as coisas da mesma maneira todas as manhãs, é dizer para a mente 'Você estará sonhando em breve.'" (pág.107)

Stephen King é mais ou menos aquele tipo de escritor que ou as pessoas amam, ou odeiam. Creio não haver muito aquela coisa de meio termo no caso dele. 
Eu, pertenço ao primeiro grupo, embora saiba reconhecer quando um livro seu não saiu como eu esperava, não sou daquelas leitoras de King que acha tudo perfeito e maravilhoso.
Posso orgulhar-me ( e todo leitor de King o pode) de clinicamente reconhecer o padrão de Stephen quando me deparo com um Trailer de uma série, um filme, baseados em um de seus livros bem antes da Tv anunciar "baseado na obra de Stephen King", o que por si só é garantia de audiência.
Stephen KIng teve uma infância difícil, pobre, sem a presença do pai que saiu para comprar cigarros e não mais voltou quando ele tinha apenas dois anos de idade.
A partir daí sua mãe teve que trabalhar arduamente para sustentar Steve e seu irmão.
Passaram por diversas dificuldades financeiras.
Steve desde cedo gostava de ler ficção de terror e desde cedo começou a escrever ficção de terror, aos 14 anos escreveu sua própria versão de A Mansão do Terror, de 1961, filme baseado num conto de Edgar Allan Poe.
A trajetória do autor desde a infância até os dias de hoje (2013), está narrada de maneira leve, bem escrita, lê-se bem, como um romance.
Ficamos a saber curiosidades sobre como ele gosta de escrever, o que pensa das adaptações de seus livros para o cinema, a opinião de amigos, familiares, de sua esposa também escritora Tabitha Spruce com quem tem um sólido casamento desde a faculdade.
Ficamos a conhecer bem de perto seus medos ( que também são os nossos), a razão de gostar tanto de ficção de terror, os motivos que o levam a escrever sobre um mundo assustador e terrível, o porquê de Richard Bachman, os macabros presentes enviados pelos fãs, o assédio, o acidente que quase o matou em 1999 quando foi atropelado.
O livro traz ainda a cronologia do autor e a cronologia completa e atualizada das publicações literárias e dos lançamentos de filmes, séries e minisséries baseados em seus livros.
Creio ser uma biografia bem escrita,leve, de fácil leitura, consistente e recomendável.
Para os fãs de King ou para quem quiser conhecê-lo melhor e garanto que vão, é uma ótima escolha.
BUT, quando estiverem a ler recomenda-se não andar com o livro diante dos olhos e a caminhar em estradas ao mesmo tempo....
Stephen King que o diga....
Quando lerem a biografia vão entender.
Hoje, ao passar pelo Facebook e visitar minhas páginas do costume dei de caras com a imagem abaixo e achei pertinente a esta postagem.
Ora digam  lá se não encaixou bem.


Imagem retirada do blog Medo.B



domingo, 21 de julho de 2013

Morte No Seminário- P.D. James


         Morte no Seminário- P.D. James





Morte no Seminário, P.D.James, Companhia das Letras, 2002,São Paulo.
Título original- Death in the Holy Orders, 2001.

" Este promontório isolado, varrido pelos ventos sem nenhum povoado, bar ou loja, é remoto demais para a maioria das pessoas. Gosto daqui, mas até eu chego a achar tudo assustador e um tanto sinistro." (pág.16)

" Talvez agora, que pus tudo no papel, ele me deixe em paz. Não me considero uma mulher fantasiosa, entretanto há algo de estranho em sua morte, algo de que deveria me lembrar, que permanece lamuriando no fundo  da mente. Alguma coisa me diz que a morte de Ronald Treeves não foi um final, e sim um começo." (pág. 27)

P.D.James começou a escrever tardiamente se comparada a outros autores de ficção, porém ainda que começasse a escrever no auge dos seus 42 anos de idade, esta senhora sabia de facto, o que estava a fazer.
Morte no Seminário, é um dos melhores livros de suspense policial que já tive a oportunidade de ler nos últimos 3 anos.
Nele, uniram-se elementos essenciais para um bom policial: uma boa história, quatro assassinatos, um seminário isolado numa desolada costa inglesa, uma boa equipe de detetives e voilá !
O cenário é quase gótico, na verdade a localização do seminário, a descrição dele, dos arredores junto à praia, da fatídica noite de tempestade quando o arquidiácono é morto, a chegada do inverno, a pequena comunidade clerical, tudo contribui para que a narrativa lembre um bocado O Morro dos Ventos Uivantes de Emily Brontë, obra à qual devoto culto e estou sempre a reler.
Como costumo dizer, nos romances góticos as propriedades sejam elas casas, seminários, mansões, castelos, casas vitorianas, são tão bem descritos e adjetivados que são como personagens da narrativa.
A impressão que se tem neste livro, é que estamos mesmo a caminhar pelo seminário, pelos chalés cuidadosamente construídos em semicírculos para abrigar os funcionários que lá vivem comodamente.
Com a morte aparentemente suicida de um noviço, o detetive Dalgliesh, da  Scotland Yard, é designado para investigar se a morte foi realmente suicídio ou se havia a hipótese de assassinato, uma vez que seu pai não acreditava na primeira alternativa.
Ao chegar ao seminário onde costumava passar as férias de verão, Adam apercebe-se que a investigação não será tão simples assim.
A esta primeira morte sucedem-se mais três e todas elas, pela lógica, só poderiam ter sido efetuadas por alguém "de dentro".
Principalmente a do arquidiácono, com sua ideia fixa de fechar o Seminário, ideia esta que por si só seria motivo para um assassinato.
Cada habitante e cada hóspede tornam-se suspeitos.
O final é surpreendente; não pela revelação de quem é o assassino, mas pela atitude deste ao ser confrontado com a ordem de prisão. Mas, até chegar a ele vamos descobrindo o passado da maioria dos personagens, seus segredos mais profundos, seus medos, angústias e desejos neste thriller de tirar o chapéu.
Li algures que precisamente esta parte do livro onde a autora descreve o passado dos personagens, seus caminhos até chegarem ao Seminário de Santo Anselmo, seria perfeitamente irrelevante para a investigação, houve quem dissesse que até atrapalhou as investigações.
Creio que há diversos tipos de leitores, os que são mais pacientes, os que são menos pacientes.
Há os que saltam as páginas que consideram supérfluas e vão direto ao ponto onde lhes convém.  Nâo lhes julgo, apenas creio na seriedade da autora, e, se ela achou que seria relevante e esclarecedor para o leitor aquelas páginas todas escritas, seria interessante as ler.
Eu as achei perfeitamente pertinentes à narrativa.
Enfim, recomendo a leitura e releitura do livro, de preferência em noites de chuva, debaixo do edredon. Ah, e um chocolate quente à espanhola na mesinha de cabeceira. Perfect!

   Death in the Holy Orders foi adaptado pela BBC em 2003, veja o trailer:




Mais detalhes sobre a série aqui:

http://www.imdb.com/title/tt0346847/


Para se conhecer um pouco do que pensa a autora sobre "The Story of crime Fiction:


Death in the Holy Orders- P.D.James Video

domingo, 14 de julho de 2013

A Pousada da Jamaica- Daphne Du Maurier


   A Pousada da Jamaica- Daphne Du Maurier



A Pousada da Jamaica, Daphne Du Maurier, Editorial Presença, 2010, Lisboa.
Título original- Jamaica Inn, 1936


" Era um dia cinzento e frio de Novembro.
  O tempo tinha mudado durante a noite, quando o vento do mar arrastou consigo um cú de granito e chuva miudinha; e conquanto agora passasses poucos minutos das duas da tarde, a palidez do crepúsculo parecia ter descido sobre as colinas, envolvendo-as em neblina." (pág. 9)

" (...) As suas mentes tembém seriam alteradas, animadas de pensamentos malignos, por crescerem entre a aridez do granito, urze ressequida e pedras soltas." (pág.21)

" Acontecem coisas na Pousada da Jamaica que nunca me atrevi a revelar a ninguém. Coisas más. Hediondas." (pág.44)

Cornualha, 1820.
Uma rapariga órfã.
Uma Pousada isolada.
Um tio misterioso e cruel.
Uma tia submissa e amedrontada.
Negócios ilícitos.
Daphne Du Maurier.
Um romance de mistério sem dúvida.
Quando tomo nas mãos o livro a primeira coisa na qual demoro meu olhar é na capa.
Olhem bem.
Se você, leitor tivesse que escolher um quarto nesta Pousada, qual escolheria?
Eu escolheria o quarto da esquerda, acima do rés-de chão.
Imagine-se a viver nesta Pousada.
Isolada do vilarejo mais próximo.
Qual a sensação?
Pois é essa sensação suspensa que reina durante o romance todo.
A própria casa é descrita no romance como um personagem, ela tem vida própria e faz-me lembrar O Morro dos Ventos Uivantes, no papel que as propriedades desempenham na narrativa respectivamente.
Nada de sobrenatural em A Pousada da Jamaica, mas subentendido o mistério, o ranger de tábuas, o isolamento, o medo, a vontade de fugir dali a sete pés.
Apesar de ser um romance bem escrito, como aliás já é certeiro na autora de Rebecca e The Birds, confesso que custou-me a "engrenar" na fluidez da narrativa, encantou-me de início o clima, a descrição da paisagem, da Pousada, e isso bastou para ter a paciência até a narrativa ganhar fluência e depois foi mais fácil.
Para quem gosta de um bom mistério, um bocado de romance ( "bacia"), eis um bom entretenimento.
Para aqueles cuja imaginação vai sozinha com um simples vento na janela, eis uma oportunidade de exercitá-la.
Boa leitura!

O livro foi adaptado para o grande ecrã por Alfred Hitchcock, em 1939


Daphne Du Maurier, na introdução ao livro esclarece que:

" A Pousada da Jamaica é hoje, hospitaleira e simpática, uma casa em que se não servem bebidas alcoólicas, na estrada de trinta e cinco quilómetros entre Bodmin e Launceston.
  Na história de aventuras que se segue, descrevo-a como pode ter sido há mais de cento e vinte anos, e, embora figurem nas páginas nomes de lugares existentes, as personagens e os acontecimentos referidos são inteiramente imaginários.

Bodinnick-by-Fowey, Outubro de 1935.

Olha ela aí:

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Flores caídas no Jardim do Mal- Mons Kallentoft


Flores caídas no Jardim do Mal "Primavera"- Mons Kallentoft



Flores caídas no Jardim do Mal "Primavera",  Mons Kallentoft, Dom Quixote, 2012, Alfragide.
Título Original- Valik, 2010, Suécia.

" Desta vez ultrapassaste todos os limites, pensa ele. Quem comete um ato de crueldade contra crianças, quebra o contrato universal que liga os seres  humanos entre si e a partir desse momento é impossível restabelecê-lo." (pag.97)

" _Quem são vocês e o que querem?
  Malin olha para os portões e sente que está mesmo diante de uma fortaleza inviolável que abriga o verdadeiro Mal. (pág. 138)

" Depois Malin pensa no Mal.
  Está convencida de que o Mal existe e que vive e prospera por todo o lado onde existam pessoas e, na maior parte das vezes, onde menos se espera, escondido sob camadas e camadas de bondade." (pág.360)

Com a chegada da Primavera, a vida pessoal de Malin Fors sofre uma reviravolta, com o falecimento da mãe, e com a revelação de que tem um irmão, um meio irmão, enquanto isso tenta vencer os problemas com a bebida que já vinham se arrastando desde os livros anteriores.
É neste contexto que recebe a notícia de uma explosão em um caixa eletrónico, uma bomba que matou duas crianças bem no centro de Linköping.
Durante as investigações Malin e sua equipe vão se deparar com a personificação do Mal, na figura de dois irmãos e "escarafunchar" uma infância de abusos psicológicos formando um círculo vicioso na geração seguinte.
A figura do dragão do Komodo, repelente e nociva será relacionada a esses abusos assustadores.
Sendo este o quarto e último da tetralogia, o caso Maria Murvall ainda permanece em aberto, o que sugere, talvez, um quinto volume, ou um livro independente para nos esclarecer o que de facto aconteceu a Maria Murvall naquela noite fria de inverno em Sangue Vermelho em Campo de Neve.
Uma constante curiosa nos quatro volumes é precisamente a maneira como o autor trata o Mal. Em todos eles, Mons Kallentoft insiste em nos mostrar o Mal como sendo algo que se esconde sob" camadas e camadas de bondade", uma opinião que sustenta seus quatro livros da série e com a qual concordo.
Onde existe um ser humano lá estará o Mal.
Recomendo a tetralogia para se ler com tempo, absorvendo os personagens, o Mal e suas razões obscuras, a redenção nem sempre conseguida.
Boa leitura!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Segredo Oculto em Águas Turvas- Mons Kallentoft


Segredo Oculto em Águas Turvas "Outono"- Mons Kallentoft



Segredo Oculto em Águas Turvas, Mons Kallentoft, Dom Quixote, 2011, Alfragide.
Título original- Höstoffer, 2009, Suécia.


" Neste outono, o céu abriu todas as comportas." (Prólogo)

" Há qualquer coisa amarela a flutuar nas águas escuras.(...)" (pág.60)

_ "Talvez. Mas é muito estranho, não achas? O facto de ele viver aqui, neste castelo descomunal, sozinho, no meio do nada." (pág.84)

" Que engrenagem terá sido ativada para o seu regresso a esta cidade e a esta propriedade em particular? Ele já estava aqui há cerca de um ano, mas por vezes, o mal move-se lentamente." (pág. 91)

Estamos no outono.
E como diz o autor, "O céu abriu todas as comportas."
Malin Fors ainda anda ás voltas com a solução do caso Maria Murval.
Tenta recuperar-se do sentimento de culpa por não estar ao lado de Tove quando a filha foi apanhada no livro anterior.
Porém, surge um corpo no fundo do fosso do castelo medieval cujo proprietário e vítima é Jerry Peterson.
E agora não há muito tempo livre para remoer culpas e casos inacabados.
Precisa descobrir quem teria matado o jovem advogado em sua propriedade.
E não será tarefa fácil se descartar o óbvio: os antigos proprietários, a família Fagelsjö, aristocrática e falida.
Porém o óbvio ás vezes surpreende os mais atentos.
Neste que é o terceiro livro da tetralogia brilhante de Mons Kallentoft, Malin terá que passar a pente fino a história da família Fagelsjö, e o passado de Jerry para não cometer o erro de acreditar no elementar.
Bem escrito como os anteriores, é talvez o que mais se assemelha a Os Homens que Odeiam as Mulheres de Stieg Larsson, na questão da investigação do passado dos personagens, interesses financeiros e afetivos envolvidos, e como o próprio título o diz: na descoberta dos "segredos ocultos em águas turvas."
Assim como os dois primeiros, vale a pena ser lido e relido. Sempre.
Boa leitura e não se aproxime muito do fosso, pode ser que faça companhia a Jerry Peterson lá embaixo.

Mons Kallentoft berättar om nya boken Höstoffer

THE CONJURING- TRAILLER E CARTAZ

Mais um trailler do filme The Conjuring a conferir no blog LENTE INSANA:

http://dencidral.blogspot.com.br/2013/05/cartaz-macabro-do-terror-invocacao-do.html

INVOCAÇÃO DO MAL TRAILLER

Pessoal, confiram este assustador trailler no Blog LENTE INSANA:






http://dencidral.blogspot.com.br/2013/06/invocacao-do-mal-confira-o-primeiro.html?showComment=1373312459304

domingo, 7 de julho de 2013

Anjos Perdidos em terra Queimada- Mons Kallentoft


Anjos Perdidos em Terra Queimada- Mons            Kallentoft



    Anjos Perdidos em Terra Queimada, Mons Kallentoft, Dom Quixote, 2011, Alfragide.
    Título Original- Sommardöden, 2008,Suécia.

" Quando o vento sopra do lado das florestas sente-se o cheiro do fumo dos incêndios, passando por toda a cidade de Linköping, toda ela envolta por um calor diabólico, dia e noite, provocado por ventos quentes do sul. O verão mais quente na memória dos homens." (pág.15).

"Mas Malin percebeu, pela voz de Zeke, que o caso era sério, o Mal tinha recomeçado a manifestar-se, essa corrente negra, subterrânea, indefinida, que existe sempre onde quer que o ser humano esteja." (pág. 30).


Seguindo a linha do primeiro volume da tetralogia, este segundo livro é tão bom quanto o primeiro, na minha opinião, lá pelo quarto começa a perder qualidades, mas também já é o quarto, damos, pois, um desconto.
Passamos de um extremo ao outro no que toca ao clima: no primeiro era o mais rigoroso inverno que já se teve registro. Neste segundo, o verão é abrasador, atipicamente abrasador para um país como a Suécia.
A violência no entanto, é a mesma, a loucura maior.
Dessa vez duas crianças desaparecem e são mantidas em cativeiro por alguém cujo passado de perdas, desespero e dor fizeram com que traçasse um caminho de insanidade e morte.
Malin Fors, terá que lutar contra o tempo para tentar encontrar as meninas com vida e encontrar Tove, sua própria filha, que, num repente, vê-se ás voltas com quem sequestrou as duas meninas naquele verão infernal.
Igualmente bem escrito, o mesmo recurso narrativo do primeiro, com o qual o leitor já estaria acostumado, porém sabe-se de antemão que uma delas já está morta, e teta desesperadamente lançar pistas a Malin.
Maria Murval, no hospital, continua a "assombrar" os pensamentos de Malin, que não descansará enquanto não solucionar o caso em aberto em Sangue Vermelho em campo de Neve.
O corpo encontrado de uma das meninas fá-la lembrar-se do que ocorreu com Maria Murval, e pergunta-se se não estaria diante do mesmo assassino.
Altamente recomendável.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

SANGUE VERMELHO EM CAMPO DE NEVE- MONS KALLENTOFT



Sangue Vermelho em Campo de Neve " Inverno"-    Mons Kallentoft


Sangue Vermelho em Campo de Neve "Inverno", Mons Kellentoft, Dom Quixote, 2010, Alfagide.

Título original: Midvinterblod, 2007.

" Nunca estamos seguros, nem quanto à morte, nem quanto ao amor." ( pag.13)

" Um cordão de isolamento à volta da árvore, quase até à estrada.
  E na árvore. Uma visão nada fascinante.
  Algo que deixa os olhos em dúvida.
  Para as vozes contarem" (pág.28)

"Primeiro, o que é evidente.
 O ramo está a cinco metros do solo, o corpo está nu, não há sangue na neve, nenhuma pista no manto profundo à volta da árvore, a não ser marcas frescas de um par de botas." (pág.31)

Esta postagem vai especialmente para minha amiga Madalena Rodrigues lá dos Arcos de Valdevez que é para ver se ela se anima a ler o livro.
depois da trilogia de Stieg larsson, Millenium, parecia que nada mais me surpreenderia dentro de um gênero que, embora venha a melhorar a cada ano, também produz obras de baixíssima qualidade e previsíveis.
Gostei muito da trilogia de larsson, que terá seu espaço aqui no blog mais adiante, porém Mons Kellntoft conseguiu surpreender-me, e mais, conseguiu pôr-me a pensar se , a seu modo, não seria igual ou melhor que o próprio Larsson.
Não quero entrar em comparações, pois há diferenças nas obras que não cabem nesta postagem.
seria interessante compará-los, mas isso seria matéria para um ensaio e não para uma breve postagem informal.
Além do que, os temas são diferentes e tudo e tudo e tudo....como diria Maria Ruef.
Bem, "Midvinterblod" atraiu-me pela capa, assim branquita com letras garrafais em vemelho. Depois, na contracapa, uma apresentação tentadora.
Achei a princípio o título um tanto quanto grande e lembrei-me de um professor da faculdade que dizia ( já era velhote, ás tantas é que dizia essas coisas) que se o título do livro vem em letras maiores que o nome do seu autor, não seria lá grande coisa.
Tudo isso passou pela minha cabeça em questão de segundos, enquanto olhava para o exemplar em minhas mãos. Tic tac tic tac....Depois pensei: "que se lixe!" e trouxe o livro.
Tenho por ele um carinho e apreço especial porque foi o último livro que comprei em Braga, antes de infelizmente, deixar o país.

Num rigoroso inverno em Linköping, Suécia, um corpo nu é encontrado a balouçar em uma árvore sob a neve.
Malin Fors vai liderar a investigação que a levará por caminhos obscuros e tortuosos, com raízes ainda na infância do assassino.
Durante as investigações, depara-se com a história da família Murval nomeadamente Maria Murval que vai "assombrá-la" durante os três livros subsequentes da tetralogia.
A ideia de encontrar o agressor de Maria Murval irá acompanhar Mailin por alguns anos, ao longo de seu percurso como investigadora, mesmo quando estiver envolvida em outros casos por resolver.
O livro está muito bem escrito, uma narrativa clara e segura, sem clichês, e a descrição dos rigores do inverno sueco parecem sair das páginas e fazer com que o leitor os sinta também.
Mons Kallentoft usa um recurso narrativo interessante que é colocar o personagem já morto como narrador de seu passado e orientador da investigação. Como uma voz "off".
Porém ao lermos a primeira manifestação desse recurso logo no início, não damos conta de que o personagem morto que está a falar. Isto vai obrigar o leitor a voltar a estes trechos, sempre que a narrativa corrente lançar alguma pista nova sobre o caso.
Como um puzzle. Peças a moverem-se e encaixarem-se lentamente.A verem se fazemos a ligação entre ambas as narrativas.
mas o quadro ficará ainda incompleto sem a peça guardada por Maria Murval.
E é com isso que Malin Fors não se conformará.
Para mim o livro é altamente recomendável pelo seu todo: personagens, enredo, recursos narrativos, inovação, suspense, e claro, o desfecho.
Fiquei a pensar nas razões do assassino quando este finalmente é revelado, e vejo que realmente, o Mal é algo que por mais que se queira ignorá-lo, está sempre presente. 
Em qualquer lugar, mesmo em sítios mais improváveis.
É como diz Stephen King citado num episódio de Criminal Minds:" os fantasmas e monstros existem, e ás vezes, eles vencem."

Em três palavras uma narrativa cruel,triste, assustadora.

Segue o vídeo do autor a falar sobre o livro traduzido para o inglês: Midwinter Sacrifice

http://youtu.be/usaWwMqClis

                      A versão espanhola : Sacrificio de Invierno