domingo, 30 de dezembro de 2012



              Filme do Mês- Dezembro

         Black Christmas- 1974





Black Christmas, 1974
Realizador- Bob Clark
Idioma- inglês
Brasil- Noite do Terror
Portugal- Black Christmas
98 minutos- Cores
Atores / Personagens principais- Olivia Husey (Jass), Keir Dullea (Peter), Margot Kidder (Barb) John Saxon (Lt. Fuller)

Neste mês de Natal o Hello Clarice não poderia deixar de postar um filme natalício por assim dizer, e escolhi "Black Christmas" por ser um filme do qual gosto muito além de ser uma referência dentro do cinema de terror dos anos 70.
A história é sobre um psicopata que ameaça um grupo de meninas que pertencem a uma fraternidade, durante o "break christmas", aquele intervalo antes do Natal, como as festas de Ação de Graças americanas.
As ameaças chegam pelo telefone, insistentes chamadas para a residência das garotas deixam-nas com os nervos abalados, mas disfarçam bem pensando ser apenas um tarado sexual, ou exibicionista a fim de chatear.
Porém quando as ameaças passam a ser de morte, elas começam a ficar seriamente preocupadas, até que a primeira rapariga aparece morta na casa.
Primeiramente é dada como desaparecida e a ocorrêmcia policial é feita pelo próprio pai, que viera buscá-la para passar o feriado em casa, e pelas colegas da fraternidade.
Aos poucos mais mortes vão ocorrendo, e os suspeitos passam a ganhar mais atenção no filme.
Parece ser um filme como outro qualquer com o "plot" batido, mas não é o caso.
O filme, que deu origem aos tais enredos batidos como "When a Stranger Calls" de 1979,e depois ao remake com o mesmo nome em 2006, e ainda ao primeiro "Scream" de 1996, traz um suspense de cortar à faca, daqueles que o espectador fica mesmo tenso, esperando o pior, traz a desconfiança em relação aos suspeitos levando o espectador a ter quase a certeza de quem é o assassino, mas seu final deita tudo abaixo.
O clima gélido da época natalícia, o guarda roupa dos anos 70, a decoração da casa, o sótão onde foi a origem de tudo, conforme vamos descobrir no final, dão ao filme o charme clássico dos bons filmes de terror, os quais, hoje em dia não se fazem mais. 
Um fato interessante no filme é que a presença do assassino na casa é sugerida através do trabalho de câmera e som como o respirar ofegante do assassino movimentando-se na casa, seus passos nervosos com o movimento trêmulo da câmera, são detalhes que desafiam muitos filmes de hoje, principalmente os "Foot Footage" como "Blair Witch", "Paranormal Activity", "Cloverfield"," Rec," só para citar os mais conhecidos, a causar o efeito de tensão suspensa, de perigo iminente como este filme consegue.
O que vemos hoje em dia citando novamente Rec, Cloverfield, Blair Witch, são  gritos ensurdecedores e histéricos, narizes ranhosos, Uff Uff para trás e para frente, portanto nada é sugerido, o movimento de câmera nestes filmes são bruscos, secos, pobres. 
Em Black Christmas não há um grito sequer enquanto este trabalho de câmera é feito, as tomadas da imensa casa onde vivem as raparigas são feitas com perfeição, sugerindo que o Mal espreita.
O trabalho dos atores não deixa a desejar, há personagens consistentes, e até um personagem caricato que é  Mrs. Marc, a senhoria, que esconde garrafas de bebida em vários cômodos da casa e bebe às escondidas.
Classifico o filme como muito bom, em todos os sentidos, sempre o revejo com a mesma curiosidade da primeira vez, porque é um filme repleto, no sentido lato da palavra, enche os olhos.
Vâo lá conferir. 
A época é propícia, se preferirem, tirem o telefone do gancho e desliguem os telemóveis. é só uma sugestão para não terem sustos desagradáveis durante o filme....


                                        Fotos do filme:


A casa- Abertura
As primeiras chamadas
A ameaça de morte
O trabalho de investigação
Mrs. Marc
A primeira vítima


Peter, um dos suspeitos
                                                   
                                                Veja o Trailer:




Curiosidade Pessoal:

Meu toque de chamada do telemóvel é o "Classic Bell" ou seja, exatamente igual ao do filme, fiz de propósito, claro.

Premiações e Nomeações

Nomeado em 1976  pela Academy of Science, Fiction, Fantasy & Horror Films Usa para o Golden Scroll de Melhor filme de Horror

Nomeado em 1975 pelo Edgar Allan Poe Awards, para Melhor Filme Cinematográfico

Premiado pelo Canadian Film Awards em 1975 para melhor atriz, Margot Kidder e melhor som, Kenneth Heeley -Ray



                No Café do Sr. Fernando

Well, filme escolhido é hora de passar pelo Café do Senhor Fernando e dar um espreitadela no prato do dia.
Sugestão: Bolo de frutos secos
Para beber Sr. Fernando sugere um chá Earl Grey bem quentito.
O Sr. Fernando sugere o bolo porque segundo ele dá pra guardar no sótão....
Então Bom apetite e bom filme! 
Ê Gato!!!!!!!!

Bolo de Frutos Secos ( Revista Blue Cooking)

150 g de manteiga à temperatura ambiente
150 g de açúcar amarelo
2 c. sopa de compota de morango
2 ovos
150 g de farinha
1 c chá de baking powder
1 c. chá de canela
100g de frutos secos picados (nozes, amêndoas, avelãs)
50 g de chocolate preto picado em pedaços grandes
2 maçãs descascadas e partidas em pedaços pequenos.

1- Préaqueça o forno a 170º. Numa taça misture com a ajuda de uma batedeira eléctrica a manteiga, o açúcar e a compota de morango. Quando obtiver uma mistura fofa e leve, adicione os ovos, um de cada vez.

2- Numa taça à parte, misture a canela e o baking powder. Adicione esta mistura à manteiga. Junte os frutos secos, o chocolate e as maçãs.
Envolva estes ingredientes com uma colher ou espátula. Cubra com papela aderente e deixe descansar durante algumas horas ou do dia para a noite.
Verta a mistura para dentro de uma forma de bolo inglês untada e polvilhada com farinha. Leve ao forno a cozer durante 1 hora ou até dourar e quando inserir um palito este saia seco. Deixe arrefecer um pouco até tirar da forma.   



Nosso bolo....


Acompanhado do Earl Grey Tea....


sábado, 22 de dezembro de 2012



      Lavoura de Corpos- Patricia Cornwell



Lavoura de Corpos,Patricia Cornwell, Companhia das Letras, 1998, São Paulo.
Título Original- The Body Farm, 1994

" Emily, às três e meia daquela tarde,saiu de sua casa e, Black Mountain, a leste de Asheville, e iniciou a caminhada de três quilômetros até a igreja." (pág.10)

"A pele estava flácida, seca, respondi. 'O corpo estava bem preservado e praticamente intacto, sem sinais de ter sido molestado por insetos ou outros animais." (pág.34)

"Encontrar impressões digitais na pele humana era, havia muito tempo, uma possibilidade teórica. As possibilidades eram tão remotas que desencorajavam a maioria das tentativas." (pág. 61)

"O Setor de Pesquisa em Deterioração da Universidade do Tennessee  era conhecido simplesmente como Lavoura de Corpos(...)
(...) a Lavoura de Corpos foi fundada vinte anos atrás. Os cientistas precisavam saber mais a respeito da morte. Num dia comum , os vários hectares de mata abrigavam dúzias de cadáveres, em variados estágios de decomposição." (pág.268)

"Dedicara a maior parte da vida a esquemas incríveis de dissimulação, e eu sabia o quanto o mal podia ser inteligente." (pág. 277)

Para quem não sabe, a " Lavoura de Corpos" existe mesmo nos Estados Unidos, são cinco atualmente, a que fica no Tennessee e que aparece no livro é uma das mais conhecidas.
O termo "Body Farm" surgiu do livro da Patricia, porque o termo correto para o local é Anthropological Research Facility o paraíso dos cientistas, patologistas e investigadores forenses, o FBI tem o seu pessoal forense sempre em cima do acontecimento por lá.O objetivo como também explica Patricia Cornwell no livro, é estudar os diversos estágios de decomposição dos corpos sob as mais diversas situações. 
Tal estudo descortina realidades para os investigadores forenses, permitindo maior precisão ao encaminhar uma investigação.

Bem, aqui no livro, temos o caso intrigante e cheio de reviravoltas de Emily, uma menina de onze anos que desaparece durante o caminho para casa de volta da igreja, para aparecer mais tarde brutalmente assassinada.
O acontecimento se dá numa pequena cidade da Carolina do Norte, e Kay Scarpetta e sua equipe é escalada para resolver o caso.
Quando as evidências começam a apontar para hipóteses digamos, um tanto estranhas, a Drª Kay procura a ajuda do pessoal da Lavoura de Corpos a fim de realizar uma experiência com corpos para analisar realmente o que aconteceu com a pequena Emily.
O resultado, garanto, é de arrepiar e indignar os mais sensíveis.
Tudo parece apontar para o nosso já conhecido Temple Gault, mas será que realmente ele estaria por trás desse horrível assassinato?
Como sempre, Patricia Cornwell teceu uma trama inteligente, truncada, uma surpresa a cada novo capítulo,com as pistas bem analisadas pelo departamento forense do FBI,e o que é mais espantoso, uma profunda análise comportamental digna de Criminal Minds.
Sou um bocado suspeita para falar dos livros de Patricia Cornwell, mas creio que não vão se arrepender com a leitura.



A título de curiosidade deixo algumas fotos tiradas durante a rotina de trabalho nas " Body Farms" nos EUA.













                   O Vídeo sobre a Body Farm no Tennessee


           
           Hello Clarice - Divulgação





http://www.suspensemagazine.com/files/Suspense_Magazine_December_2012_rev02.pdf


Pessoal encontrei esta Revista no perfil da Patricia Cornwell no Facebook e achei interessante .
Querendo dar uma espreitadela, vale à pena.

domingo, 16 de dezembro de 2012




  Precisamos falar sobre o Kevin- Lionel Shriver





Precisamos falar sobre o Kevin, Lionel Shriver, Intrínseca, 2012, Rio de Janeiro
Título Original, We Need to Talk About Kevin, 2003.

"O que deu em nós? Éramos tão felizes! Então por que motivo retiramos todas as nossas fichas e as pusemos nessa aposta ridícula de ter um filho?" (pág. 22)

" E será que um feto tem sentimentos? Eu não tinha como antever que continuaria fazendo essa mesma pergunta a respeito de Kevin quinze anos depois." (pág.79)

" A drª Rhinestein não testou a possibilidade de existência de malícia, indiferença rancorosa,  ou maldade congênita. Se fosse possível, pergunto-me quantos peixes não atiraríamos de volta."(pág.92)

"Peguei-o na semana seguinte, lendo Robin Hood sozinho.Mais tarde ajudei vocês dois a comprar o primeiro conjunto de arco e flecha na loja de artigos esportivos.(...) (pág.281)

"Porém o que mais me admirou foram os seus olhos. Comumente, eles tinham o ar baço daquela película verde-azulada das maçãs por lavar- vazios e sem foco, (...)" (pág.405)

Ora, começar a falar deste livro é difícil por vários motivos, primeiro porque ainda me sinto nocauteada por ele, segundo porque ele é brilhante, terceiro porque admitindo ter um lado a quem defender, não foi com certeza o do pai de Kevin, bom moço, que eu escolhi. Isto me incomoda.
So, We Need to Talk about Kevin não é um livro fácil de ler, principalmente se o leitor não estiver acostumado com o lado real da vida, o leitor que por ventura espera ver aqui um mero drama familiar, pode abandoná-lo já agora, e nem sequer pegá-lo nas mãos.
Para ler "Precisamos falar sobre o Kevin, temos que estar despidos totalmente da hipocrisia social e convencional, porque assim que o livro será narrado pela mãe de Kevin, Eva, em missivas ao marido ausente.
O livro trata, sim de um drama familiar, mas é mais profundo que isso, trata da maldade pura de um menino, desde seu nascimento até seus dezoito anos, data em que seria transferido para um estabelecimento prisional para adultos,posto que foi detido aos dezesseis, após um massacre em sua escola.
Kevin desde o nascimento iniciou um braço de ferro poderosíssimo com a mãe, a qual por seu turno não ficou lá muito contente quando ele nasceu.
Ao longo de sua infância foi dando continuidade a seus instintos maléficos dentro da própria casa, desafiando os pais, e despertando a proteção de Frank, seu pai, que o perdoava sempre e sempre tinha uma palavra para defendê-lo.Ao chegar ao final do livro vamos descobrir que isso tudo foi perda de tempo e de que maneira!
Quando finalmente vai para a escola, Kevin não faz diferente, instigador de maus atos, abusa psicologicamente de colegas que se tornam seus escravos, com uma marcante presença é notado pela professora de inglês, que depois de muito o observar, partilha com a mãe a mesma opinião: Kevin é extremamente inteligente,e possui uma malícia e maldade dissimuladas,  mas reais.
Quando a irmãzinha de Kevin nasce, as  coisas começam realmente a complicar-se e tornarem-se mais sérias para a família.
O que terá Kevin guardado para o final?
O leitor observa atônito o desenrolar da narrativa e sente-se solidário com a mãe, Eva, por ser a única a ter os olhos abertos e a coragem de dizer o que pensa, o que sente, o que sente vontade de fazer com esse filho que se fosse por ela nem teria nascido. 
O livro aborda com diplomacia a questão da culpa dos pais na criação de pequenos monstros como Kevin, mas afinal de quem é mesmo a culpa? Não será a própria criança que nasce com a predisposição para a maldade, ou neste caso específico Kevin foi capaz de perceber a rejeição de sua mãe ainda  antes de seu nascimento? Se assim for, escolheu-a como alvo a torturar e fazer sofrer, como podemos ver ao longo da narrativa até seu final redentor???? Dá o que pensar, pelo menos a mim....
Cruzando a narrativa vamos tendo os relatos dos Massacres mais comentados na mídia, como o de Columbine, por exemplo, ficamos a saber do rol de atrocidades cometidas nas escolas por estudantes que acordaram um dia e foram armados para a escola a fim de matar e mataram.Casos assustadores que nem sequer tínhamos ouvido falar até então.
O livro mostra que devemos estar atentos aos sinais que certos adolescentes e crianças vão dando, em casa, na escola, para encaminhá-los a um profissional antes que seja tarde demais.
Mostra também que fatalmente, nem sempre isso se concretiza, não porque um membro da escola ou da família não faz o alerta, mas porque a pessoa envolvida quando confrontada, tem tal poder de dissimulação e inteligência que fica o dito pelo não dito, e o pior acontece.
Cuidado com as" máscaras", com os olhares frios e vazios, com a dificuldade de interação, com a aparente serenidade e o sorriso educado.
Pode esconder um "pitboy" ou um assassino mirim em série.
Pode esconder um Kevin que um dia, aos dez anos ,ganhou de seu pai um conjunto de arco e flecha....

O livro foi adaptado magistralmente para o cinema por Lynne Ramsey em 2011
Veja o trailer do premiadíssimo We Need to Talk about Kevin






domingo, 9 de dezembro de 2012

              

               Shutter Island- Dennis Lehane





Shutter Island, Dennis Lehane, Gótica, 2005, Miraflores.
Título original: Shutter Island,2003


" O Ashecliffe Hospital erguia-se na planície central do lado ocidental da ilha. Erguia-se benignamente,devo dizer. Não parecia nada um hospital para loucos criminosos, e ainda menos o aquartelamento militar que fora antes disso" (pág.14)

"Regra de 4
 Eu sou 47
 Eles eram 80
 +Vocês são três
 Nós somos 4
       Mas
 Quem é 67?" (pág.54)

"- A velha escola- continuou Cawley- acredita na terapia de choque, em lobotomias parciais, em tratamentos em casas de repouso para os doentes mais dóceis.Psicocirurgia, como lhe chamamos. A nova escola apaixonou-se pela psicofarmacologia. É o futuro, dizem eles. Talvez seja. Não sei."(pág.94)

Well, cá está mais um bom livro do nosso amigo Dennis Lehane (Mystic River, Gone, baby gone).
Louvo mais uma vez os tradutores portugueses, que têm sempre a decência de ter o máximo de cuidado e profissionalismo nas traduções, como por exemplo aqui, é melhor permanecer com o título no original que fazer a estúpida tradução brasileira de "Ilha do medo".
Ora, quem ler o livro vai ver que o título brasileiro não se adequa nada ao que se passa realmente na história.
Mas isso é dar murro em ponta de faca....
O livro: temos aqui um interessante romance psicológico, por assim dizer, que com certeza vai prender o leitor e deixá-lo intrigado, com a cabeça ás voltas tentando descobrir quem é de fato, o paciente 67.
O Hospital Ashecliffe fica em Shutter Island,  e funciona como um hospital para reclusos perigosos e mentalmente perturbados.
Em 1954, Teddy Danniels, Marshal, e seu parceiro Chuck Aule, chegam a Ilha para investigar o desaparecimento de uma paciente, Rachel Solando durante um forte furacão.
O que parecia ser uma investigação de rotina, torna-se um labirinto perigoso de mentiras, medos, experiências clandestinas em pacientes, e sobretudo, descobrem que a barreira da sanidade naquela Ilha, parece já não existir.
Teddy passa a ser atormentado por visões do passado que tenta esquecer,que  ao mesmo tempo se cruzam com pistas deixadas pelo paciente 67. O paciente 67 é outro mistério que atormenta Teddy, fazendo com que o rapaz comece a questionar-se sobre sua própria sanidade mental.
Com certeza, Mystic River é um livro superior a este em "N" sentidos, mas para quem gosta de um suspense do gênero do filme Spider" de Cronnenberg, não vai  se decepcionar, com certeza.
Porém ao pisar em Shutter Island, olhe bem para os lados, não confie em ninguém, nem mesmo em seus pensamentos.
Boa Leitura.


O livro foi adaptado ao cinema por Martin Scorsese em 2010 veja o trailer:










domingo, 2 de dezembro de 2012




  Mentes Perigosas- Ana Beatriz Barbosa Silva



Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado, Ana Beatriz Barbosa Silva, Objetiva, 2008,Rio de Janeiro.

"A gente resiste muito a creditar na existência do MAL enquanto prática humana! Mas ele está aí, vizinho, rondando cada um de nós, e a gente nem se dá conta! O que assusta nessas pessoas é que elas parecem tão comuns, tão gente igual à gente." (pág.11)

" A natureza dos psicopatas é devastadora,assustadora, e, aos poucos, a ciência começa a se aprofundar e a compreender aquilo que contradiza própria natureza humana."(pág. 19)

"Prepare-se, porque certamente você conhece, já ouviu falar ou convive com um deles."(pág.19)

Bem, desde que o mundo existe, o Mal está presente em todo o lado, a começar pela própria Bíblia, quando Caim mata o irmão, não se tratava de um psicopata, mas da natureza da maldade no estado puro, queria ver onde fica a  máxima "o Homem nasce bom ,a sociedade é que o corrompe". Ora, se a sociedade nem sequer havia sido formada...basta somar dois mais dois e ter dois dedos de testa.....
O fato é que de pessoas más aos psicopatas e sociopatas, não vai um abismo, é fácil saltar de uma coisa para a outra. 
Você, leitor, já olhou com atenção ao seu redor? 
Já leu os jornais, hoje?
Já assistiu a documentários sobre investigação criminal?
Já observou com atenção o seu vizinho?
Pois aí está. Eles podem ser qualquer um, não vêm com um letreiro a dizer, "cuidado, mantenha a distância, sou psicopata."
Nem todos têm uma aparência ameaçadora como o demônio, mas são o demônio em pessoa.
Neste livro, a Drª Beatriz nos mostra casos reais de psicopatia, seus sintomas, por assim dizer, seu diagnóstico, depoimentos de amigos, vizinhos, namoradas(os), família, além de nos alertar para o perigo.
Ficamos a saber, por exemplo que há manifestações de psicopatia que não culminam em assassinato, mas essas  pessoas são capazes de destruir a vida do próximo com intrigas, mentiras, manipular vidas e fazer delas reféns para sempre.
São charmosos, inteligentes, brilhantes ás vezes, sedutores, boas pessoas aos olhos dos que lhes são próximos.
"Entre homens e mulheres, 4% da população apresenta esse lado sombrio da mente."
Para mim é um livro recomendável para todos os que querem saber um pouco mais sobre "o lado negro da força", como diria um fã de Star Wars.
Um bom livro, sim senhor!
Vão lá conferir!

Pessoal, como citei que nem sempre têm a aparência da Maldade estampada em seus rostos, fica aqui alguns dos rostos que poderiam perfeitamente cruzar conosco na rua, na pastelaria, no táxi, na escola, no comício, no jogo de futebol, na equipe da polícia, sem darmos por nada, pessoas como todas as outras, aparentemente normais. Mas são psicopatas, serial killers , perversos,e reais. Olhem com atenção.

Ted Bundy


Dennis Nilsen

Aileen Wuourns
Peter Sutcliffe
Guilherme de Pádua
Suzane von Richthofen
António Luiz Costa

domingo, 11 de novembro de 2012




  O Diário de Jack, O Estripador-Shirley Harrison




O Diário de Jack, O Estripador, Shirley Harrison, Universo dos Livros,2012,São Paulo.
Título Original- The Diary of Jack, the Ripper: the chlling confessions of James Maybrick.

"Um pouco além da Riversdale Road fica uma grande casa vitoriana construída com o gentil e avermelhado arenito característico da opulência de Liverpool do século XIX. Foi ali que James Maybrick viveu no final dos anos de 1880,quando os assassinatos de Whitechapel estavam sendo cometidos em Londres.O Diário, supostamente escrito por esse aparentemente insignificante homem de negócios, insinua que ele era o assassino diabólico que tantas pessoas investigaram por muito tempo." Prof. David Canter Do Prefácio (pág.13)

"Ele viveu na casa de número 7 da Riversdale Road no final dos anos 1880"  Prof. David Canter Do Prefácio.(pág.25)

Ora, vamos lá confessar uma coisa: quando vi este livro na estante da biblioteca que frequento, pensei cá comigo: Mais um! 
Porque diga-se de passagem o que mais há pelo mundo literário são livros sobre Jack, o Estripador e seus horrendos crimes não solucionados.
Brilhante este senhor, diga-se de passagem, não quer isso dizer que aprovo os crimes por ele cometidos, mas intriga-me e porque não dizer fascina-me sua inteligência e esperteza desafiando até hoje, século XXI a inteligência e perspicácia de investigadores, escritores, historiadores, psiquiatras, e pessoas comuns. 
Muitos suspeitos, mas...quem foi de fato, Jack, o Estripador?
Já postado aqui no Hello Clarice, o livro "Jack, the Ripper,Case Closed" de Patricia Cornwell, mostrou-nos que possivelmente o pintor Walter Sickert fosse o Estripador de Whitechapel, a autora numa pesquisa intensa, e trabalho forense tenta provar sua tese e não lhe tiro o mérito, porque como já comentei na postagem do livro, se não foi ele, o livro vale pela pesquisa e coerência forense apresentada.
Por falar em pesquisa,enganei-me redondamente quando exclamei para meus botões "mais um!", porque o presente livro, não é um livro qualquer sobre o Estripador. É uma pesquisa muito bem documentada, séria, exaustiva,e de agradável leitura, que me lembra muito, na fluidez da escrita, Kate Summerscale, em "As Suspeitas do Sr. Whitcher".
A história curiosa e interessante do Diário é relatada de forma deliciosa e macia, se é possível usar um adjetivo tão singelo numa livro sobre um psicopata terrível, mas é assim que sinto a escrita do livro, macia...
Desde a forma como ele foi parar às mãos de Michael Barret até sua publicação pela autora, vai uma procissão, mas uma procissão interessantíssima, que nada mais quer do que revelar a história de James Maybrick, sua infância, vida adulta e morte envenenado pela própria mulher,e mais que tudo seu suposto diário,o qual estaria assinado Jack, the Ripper na última página.
Aliás, se James foi Jack,sua morte explica, por exemplo, a interrupção súbita dos crimes. Isto sou eu a "Sherlockar...." rsrs.
Aqui, a tinta das cartas enviadas a Scotland Yard e a tinta usada no Diário é um forte indicador, assim como o famigerado relógio de James, com a frase sinistra "I'm Jack". Já no livro Jack the Ripper, Case Closed, a investigação da tinta usada nas cartas foi crucial.
Como aconteceu com o livro de Patricia Cronwell,o que digo aos leitores é que não sei se James Maybrick foi o nosso assassino.MAS, conhecer sua história,seus hábitos, sua família,a Londres vitoriana em que viveu e supostamente aterrorizou por certo tempo, não nos torna mais pobres, muito pelo contrário.
Porque como diz a autora na Introdução:"Tanto o Diário como o relógio desafiam alguém,em algum lugar, a revelar e explicar o verdadeiro significado do enigmático lema da família Maybrick: Tempus Omnia Revelat [ O Tempo Tudo Revela]. (pág.32).
Aconselho, se me permitem, duas leituras,a primeira como ficção e uma segunda como não ficção. Vão notar uma diferença dentro de si mesmos, na segunda leitura.
Bom Tour!

James Maybrick




A lápide de Maybrick vandalizada no Cemitério de Anfield

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

                
                 Filme do Mês- Outubro

 Don't Go to Sleep- Richard Lang  




Don't go to Sleep , 1982
Realizador- Richard Lang
Idioma- Inglês
Brasil- Não adormeça
Portugal-
Duração- 93 min, cores
Atores/ Personagens principais- Dennis Weaver (Phillip), Valerie Harper (Laura), Robin Ignico (Mary), Oliver Robins ( Kevin), Kristin Cumming (Jennifer), Ruth Gordon (Bernice).

Produzido para a Tv em dezembro de 1982, Não Adormeça faz parte do meu imaginário desde então.
Assisti o telefilme por volta desse ano 1982 mais coisa menos coisa, provavelmente num sábado à noite no SUPER CINE, que diga-se de passagem exibia filmes excelentes, principalmente de terror. Foi justamente no SUPER CINE que iniciei minhas noitadas a ver filmes de terror, como o clássico de Tobe Hoper, PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR. Hoje em dia quem não tiver TV por cabo, tem verdadeiros lixos nos canais abertos aos sábados à noite. É triste.
Depois de vê-lo na TV fiquei com aquele bichinho de querer o filme para comprar, mas quem foi que disse... So, consegui, ano passado, em um sebo na Internet. Fiquei feliz. Coisa de colecionador, quem não o é ou quem não tem paixão por alguma coisa de verdade, nunca vai entender.
Bem, cá vamos nós:
Um casal e os dois filhos, Kevin e Mary,mudam-se para uma nova casa, depois de um acidente que lhes vitimou a filha mais velha.
Com a família também vai viver Bernice, a avó materna de Mary e Kevin, interpretada por Ruth Gordon, perfeita para o papel, para quem não se lembra, a atriz interpretou Minnie, em Rosemary's Baby.
No desenrolar dos primeiros 30 minutos do filme, ficamos a saber que Laura não gosta que as fotos de Jennifer fiquem pela casa, que Mary tem um ciúme doentio da irmã embora já falecida, que o casal ainda tenta recuperar-se da perda e tem algumas discussões.
Os primeiros sinais do comportamento pouco convencional de Mary são notados quando ela passa a falar "sozinha", o irmão a surpreende mais que uma vez e conta aos pais.
Na verdade, Mary está a ser visitada por Jennifer, que passa a influenciar a irmã e leva-a a cometer algumas maldades com o irmão.
Pouco a pouco todos os membros da família sofrem "acidentes" e acabam por falecer, e tudo leva a crer que Mary é a autora dos crimes.
Mas, por que razão Jennifer atormenta e vinga-se da família? Como foi que aconteceu realmente o acidente de viação que a vitimou?
Com um final surpreendente, semelhante ao clássico Psyco, o filme vale muito à pena ser visto. Uma produção rara, bem feita, que vai agradar certamente os amantes de suspense.
Filmes assim, não se encontram mais nos dias de hoje.
    
                Veja a primeira parte do filme:




                      As Fotos do Filme


Mary  observa a queda da mãe




A avó Beatrice





Jennifer e Mary



A aparição de Jennifer à mãe




                 No Café do Sr. Fernando 

Well, filme escolhido é o momento de dar um salto ao Café do Sr. Fernando e ver o que ele nos sugere para esse filme
Sugestão- Sr. Fernando sugere Panquecas para o pequeno almoço, acompanhadas de um Chocolate à Espanhola.
Bem, diz ele, já que essas crianças não dormem lá muito bem, precisar comer em condições pela manhã.
Então bom filme e bom apetite!
Ê gato!!!!!!!!!

Panquecas
2 chávenas de farinha sem fermento
2 colheres de chá de fermento em pó
1/3 chávena de açúcar fino
2 ovos à temperatura ambiente
1 1/2 chávena de leite à temperatura ambiente
70 g de manteiga sem sal derretida.

Numa tigela média, mistura a farinha, o fermento e o açúcar.
Noutra tigela, bata com a batedeira de varas os ovos, o leite e a manteiga derretida. Deite essa mistura para dentro da tigela com a farinha. Bata bem.
Leve a frigideira grande ao lume baixo, unte com manteiga.
Faça as panquecas em várias vezes, nunca colocando mais do que 2 de cada vez(1/4 de massa para cada panqueca).
Deixe cozinhar cerca de 2 minutos de cada lado ou até começar a ficar dourado.
Sirva as panquecas quentes com uma colher de sopa de iogurte natural espesso ( tipo grego), frutos silvestres ou da época e folhas de hortelã por cima.







Chocolate à Espanhola        
200 g de chocolate
100 g de açúcar
40 g de maisena
1 litro de leite 
Coloque o leite e o açúcar numa caçarola e leve ao llume até ferver de vez em quando.
Retire do lume e junte o chocolate aos pedaços. Mexa bem a mistura e volte a levar ao lume até voltar a levantar fervura. Junte a maisena previamente diluída num pouco de leite.
Baixe o lume e vá mexendo até obter a espessura desejada.


        

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

   
        As Quatro Últimas Coisas- Andrew Taylor





As Quatro Últimas Coisas, Andrew Taylor, Asa, 2003, Porto.
Título original- The Four Last  Things, 1997.

"...tão pouco posso pensar que possuo a verdadeira Teoria da morte, quando contemplo uma caveira ou observo um Esqueleto...portanto, alarguei esse comum Memento quattuor Novissima, esses quatro pontos inevitáveis de todos nós, a Morte, o Juízo, o Paraíso e o Inferno."

                 Sir Thomas Browne, Religio Medici (1642), Parte I, Secção 45


Ora bem, para quem gosta de mistério envolvendo textos bíblicos ou escatológicos, esse livro pode ser uma boa opção.
Embora, devo avisar, já li melhores, como por exemplo, O Clube Mefisto, já comentado aqui no blog.
A história passa-se na Inglaterra, tendo por personagens Sally, uma vigária que luta contra o preconceito da ordenação das mulheres, seu marido Michael, policial, e a pequena Lucy, raptada por Angel e Eddie.
Angel aparece na vida de Eddie quando aluga um quarto em sua casa, na altura a mãe dele ainda era viva, no início tudo parece uma valsa de Strauss, mas com o passar do tempo, Thelma, mãe de Eddie, começa a desconfiar de Angel, de seu passado e de que o filho estaria interessado nela.
Não tarda muito para Angel aperceber-se das desconfianças e toma suas providências.
Ao enterrar a mãe, Eddie passa a ser dono da casa que passa a ser partilhada com Angel que inicia uma reforma na cave da casa tornando-a insonorizada.
A partir deste ponto, ficamos a saber que Eddie tem um passado de pedofilia, Angel é uma assassina em série de crianças  sobretudo.
Enquanto os pais da menina tentam encontrá-la, Eddie deixa-se enternecer por Lucy, e imagina uma maneira de tirá-la do cativeiro e devolvê-la aos pais.
Essa tarefa terá consequências violentas e trágicas para alguns dos personagens.
Embora bem escrito, creio que o livro poderia ter sido melhor, mais detalhes e mais suspense. 
Diria que é uma leitura morna, para passar o tempo ou ler na praia.
É isso.

domingo, 21 de outubro de 2012



           Trocas Macabras- Stephen King





Trocas Macabras, Stephen King, Francisco Alves, 1992, Rio de Janeiro.
Título original- Needful Things, 1991.

"Você não poderia te escolhido dia melhor para voltar a Castle Rock"(Pág.11)

"- Esta figurinha tem dois preços,Brian. Metade...e metade. Uma metade em dinheiro. A outra, um favor. Você me entende?"(Pág.36)

" O sininho acima da porta tilintou e duas outras senhoras entraram.
Em Coisas Necessárias, começava o primeiro dia completo de negócios."(pág.48)

Bem, mais uma vez vou manifestar meu desagrado com a tradução brasileira do título do livro,poderia muito bem ter sido traduzido como "Coisas Necessárias", o que se aproxima mais do enredo e ficaria melhor, esse título que o livro levou pode dar uma errada ideia sobre ele, e é por isso que eu continuo preferindo as edições portuguesas....Enfim....
Needful Things é o último livro de King em Castle Rock, o que é uma pena para os fãs, já que ela foi cenário de tantas outras histórias como por exemplo Cujo, O cão da Polaroid, Saco de Ossos, Zona Morta.
Nesta última história em Castle Rock, Leland Gaunt, vindo sabe-se lá de onde, instala-se na cidade e abre uma curiosa loja de antiguidades, por assim dizer. A loja, chamada Coisas Necessárias, vendia de tudo um pouco, sempre havia o objeto certo para cada morador da pequena e pacata cidade.
As fantasias, os desejos mais ocultos, são realizados com a compra de determinado objeto, cada morador, ou pelo menos os que visitam a loja, realiza seu sonho mais secreto com uma simples compra.
Porém há um preço a pagar....
Gaunt cobra seus clientes de duas formas, uma em dinheiro e a outra com um pequeno favor, pede sempre a cada um que faça uma  "inofensiva" travessura com a pessoa que ele determinar, nada grave, apenas uma partida, como no Halloween, gostosuras ou travessuras, mais ou menos isso.
Caso não cumpram sua parte do acordo, seus objetos ser-lhes-ão restituídos, e claro isso ninguém gostaria que acontecesse....
Tais travessuras, vão desencadear uma série de acontecimentos violentos e cruéis, semeando o caos e destruição em Castle Rock.
Como a Teoria do Caos, só que no mesmo local.
Mas afinal quem é de fato, Leland Gaunt? De onde veio? Seria ele um colecionador de antiguidades (aliás há uma forte semelhança entre ele e o personagem de Salem's Lot, o senhor Strawker)ou um colecionador de almas?
Com personagens interessantes, cada qual com sua microbiografia contada magistralmente pelo autor, o livro tem uma solidez invejável, as vidas dos personagens seus sonhos, frustrações, segredos são vasculhados ao pormenor o que confere a narrativa um tom acolhedor no meio ao horror.
Para quem vai deixar a cidade de vez, essa foi uma boa despedida!
Leitura super recomendada!

O livro foi adaptado para o cinema em 1993 veja a primeira parte: