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domingo, 21 de junho de 2020

       Não confie em ninguém- Charlie Donlea


Não confie em ninguém, Charlie Donlea, Faro Editorial, 2018, Barueri, São Paulo
Título original: Don't believe it, Pinnackle Books, Kensington Publishing Corp, 2018



" Em um longa-metragem, o diretor é Deus; em um documentário, Deus é o diretor" -Alfred Hitchcock "

" O sangue era um problema." (pág. 13)

" Matar alguém exige perfeição, timming e sorte. Eu esperava que esses três atributos estivessem ao meu lado nesse entardecer" (pág. 13)

"Julian ouviu um graveto estalando atrás de si, e se perguntou como ela pudera alcançar o penhasco sem ele perceber a aproximação. Antes que esse pensamento fizesse seus músculos reagirem, Julian sentiu um golpe abalar seu corpo.Começou na cabeça, um impacto rápido que paralisou o tempo e congestionou seus movimentos, como se ele nadasse em óleo." (pág. 17)

"- Foram detectados vestígios de fibras de organza no ferimento e couro cabeludo de Henry Anderson." (pág.286)

" Gus deu um sorriso sutil.
_ Não acredito nisso." (pág.347)

Sem sombra de dúvidas , este é o melhor livro de Charlie Donlea até o momento.
Os anteriores são muito bons, e ainda os vou resenhar aqui. Um deles, A Garota do Lago, já publiquei uma resenha aqui.
Mas, esse livro de hoje é quase uma obra-prima do autor até agora.
Um thriller extremamente bem engendrado, bem escrito, uma trama que nos leva a pensar dez vezes antes de levantar a primeira suspeita.
Porque em princípio, todos são suspeitos.
O autor escreve de uma maneira muito interessante que aponta a mesma narrativa sob dois pontos de vista: a do(a) assassino(a) e da vítima.
A cena que abre o livro narra  a cena do crime que vitima Julian. Nas páginas seguintes, a mesma cena sob o ângulo de Julian. E assim vamos sendo surpreendidos por uma narrativa ora linear, ora com flashbacks, ora sob o ponto de vista do (a) algoz ,ora sob o ponto de vista da vítima.
Creio que o título original "Don't believe it" é uma pista para a personagem Sidney Ryan, para o personagem Gus, e para nós , leitores.
Pistas falsas são lançadas, mas só nos damos conta de que o são quando uma revelação chocante nos toma de assalto em dados capítulos.
Então somos forçados a reler passagens anteriores , e, se vocês forem como eu que vai anotando a lápis nas margens as suspeitas, rever tudo o que suspeitávamos antes.
O livro beira o genial.
O plot é , de forma sucinta, a história de Grace Sebold acusada de matar o namorado, Julian, empurrando-o de um penhasco. Ainda na prisão escreve uma carta à cineasta Sidney Ryan, pedindo ajuda.
Sidney decide realizar um documentário e começa a investigação para seu documentário e afim de inocentar Grace.
Durante esse período de pesquisas, entrevistas e suposições, vai desvendar o passado sombrio da juventude de Grace e seus amigos, e familiares.
Parece cliché, eu sei... mas neste caso, nesse livro não é.
Recomendo muito, será uma  leitura instigante, interessante, fluida, "page-turner" principalmente bem escrita.
Charlie Donlea veio para ficar, em um gênero que cresce vertiginosamente, e nem sempre há boas narrativas, o autor não será passageiro.
Boa leitura!



quinta-feira, 6 de setembro de 2018



                 A Garota no Gelo- Robert Bryndza




A Garota no gelo, Robert Bryndza, Gutenberg, 2017, Belo Horizonte.
Título original: The Girl in the Ice.



The Girl in the Ice, Robert Bryndza, Paperback, 2016, London UK

" Com o coração disparado, ele esticou a mão e apertou-o gentilmente. Estava frio e borrachudo. Havia geada agarrada na unha,que estava pintada de roxo escuro. Ele puxou a manga de seu casaco, colocando-a por cima da mão, e esfregou o gelo ao redor dele. A luz do iPhone lançou um verde sombrio sobre a superfície congelada, e logo abaixo ele viu uma mão esticada na direção de onde o dedo atravessava o gelo. O que devia ser um braço, desaparecia na direção das  profundezas" (pág. 15)

" - A mãe de Andrea é eslovaca. Assim como você...Achei que isso poderia ajudar as coisas, um policial com quem a mãe dela pudesse se identificar." (pág.21)

" Na imagem, Andrea estava subindo no vagão do trem com uma perna nua e bem torneada. A expressão fixa em seu rosto era de raiva. Estava vestida para arrasar, de jaqueta de couro apertada sobre um vestido preto curto, com sapatos de salto alto rosa e uma bolsa clutch que combinava com eles" (pág.25)


" À medida que os dias passaram, a figura estava ficando mais confiante, quase convencida de que o corpo de Andrea não seria encontrado O inverno acabaria, e com o calor da primavera, ela apodreceria; até que sua máscara de beleza tivesse sumido e ela ficasse mais parecida com quem realmente era." (pág 62)


" Acima dela estava escrito com pincel atômico vermelho: VOCÊ É IGUAL A MIM, DETETIVE FOSTER. CADA UM DE NÓS MATOU CINCO"(pág.165)


"Talvez aquele fosse o tal caso. Aquele que escapa.Todo policial era assombrado por um caso não solucionado.Ela bateu a cinza no cascalho e um miado anunciou que havia, debaixo do banco,um gato preto e grande que saiu do seu esconderijo e se esfregou nas pernas dela." ( pág.298)

A Garota no Gelo...parece que nos últimos anos  títulos envolvendo "Garotas" em algum lugar, ou, com um adjetivo complementar, tem sido uma constante ; por exemplo: A Garota do Lago, A Garota no trem, A Garota Exemplar...muito embora dos títulos aqui citados, somente The Girl in Ice, The Girl on a train é que têm a palavra Garota em seu título original.
A Garota no Lago tem o título original de Summit Lake e A Garota Exemplar, Gone Girl. Coisa de tradutores...enfim...
A Garota no Gelo, é a estreia de Robert Brindza no romance policial, ele já havia publicado uma série de livros no gênero comédia, Coco Pinchard que depois transformou-se em uma série televisiva.
Penso que sua estreia no gênero policial foi bem interessante, criou sua "Hercule Poirot", Erika Foster, a qual participará dos livros subsequentes na saga da detetive que perdeu o marido recentemente, não costuma ser muito ortodoxa no cumprimento de seu dever, mas é  a melhor detetive em sua unidade.Sua nacionalidade é eslovaca, mas casou-se com um britânico, de onde vem seu sobrenome Foster.
O caso é perturbador desde seu início, pois Andrea Douglas Brown é encontrada por Lee, em um lago congelado durante o árduo inverno londrino.
Por ser filha de um influente empresário, o pai tenta de todas as formas desviar as atenções para o terrível crime, mas a Unidade em que Erika trabalha não desistiu de procurar as evidências. Nem tampouco de relacionar o assassinato de Andrea com casos não resolvidos de prostitutas da Europa de Leste.
O livro tem descrições do inverno muito boas, da neve a cair, das rajadas de vento, que pouco a pouco vão introduzindo o leitor nos cenários gélidos onde a narrativa se desenvolve.
Os personagens, compostos sobretudo por policiais, a família da vítima, e amigos desta, são consistentes, têm uma vida social para além do trabalho, e isto dá uma folga ao leitor quando o rumo das investigações beira o sombrio e macabro.
Por ser o primeiro romance policial do autor, talvez algumas poucas pontas soltas ficam por amarrar, mas nada que comprometa a leitura vigorosa, sobretudo depois do capítulo 60 no qual as ideias de Erika Foster vão tomando forma e ela consegue finalmente descobrir o assassino de Andrea.
O livro passa pelas pistas falsas que são lugar comum no gênero, mas ao contrário de A Garota do Lago , Charlie Donlea, não enganam o leitor, apenas o despistam por alguns capítulos, para depois deixarem que ele faça suas próprias conjecturas sobre quem seria o assassino.
Confesso que não me passou pela cabeça o verdadeiro culpado. Pensei em dois membros da mesma família mas não nele. Surprise, surprise!
Penso que o autor começou muito bem em seu débuts como autor policial,mas tenho uma ressalva a fazer.
O tradutor Marcelo Hauck foi muito infeliz na tradução, usou gírias , palavras apenas ditas na oralidade , traduziu orações inteiras com erros gramaticais, até entendo que quando há diálogos informais, o vocabulário é mais leve, mas não é necessário perder a elegância, meus alunos de Ensino Médio escrevem melhor que ele. Vou citar alguns exemplos mais abaixo. Lamentável. Se este senhor for o tradutor de toda a série Erika Foster, vai ser difícil ler os próximos, isto sem contar que para a reputação do autor não calha nada bem.
Mas recomendo darem uma boa olhada no livro e conhecerem de perto os segredos da GAROTA NO GELO.
BOA LEITURA!

Trechos : (...) " eu devia ter percebido, mas achava que ela ia parar depois que nós casássemos; e depois a gente ia embarrigar"

" Marsh catou a menina que estava chorando e beijou o rosto dela..."

" Ela preferia muito mais ir para um hotel durante alguns dias, enquanto procurava um apartamento, do que deixar que Marsh sentisse pena dela"

"(...) Anda, acorda elas- Ivy xingou"

" - E você pirou o cabeção ,né?"

" Senhor, se me chamou aqui para me meter o ferro,prefiro que seja feito em particular"

Para quem entende o mínimo de gramática e norma culta reconhecerá estes e outros erros cometidos na tradução.
Depois quando eu digo aos meus alunos que pela minha experiência na Europa, os europeus preferem ler os livros no original aos traduzidos no Brasil, ficam estarrecidos. Aí está o porquê.


O autor






O tradutor

domingo, 26 de agosto de 2018



                            A Garota do Lago- Charlie Donlea





A Garota do Lago, Charlie Donlea, Faro Editorial, 2017, Rio  de Janeiro.
Título Original: Summit Lake, Kensigton, 2016, NY


Summit Lake, Charlie Donlea, Kensington, 2016, NY


" Becca  Eckersley
  Summit Lake
 17 de fevereiro de 2012
 A ocasião de sua morte.
A NOITE DE INVERNO CAIU NO EXATO MOMENTO EM QUE Becca Eckersley deixou o café . Caminhando pelas ruas escuras  de Summit Lake , ela enrolou o cachecol em torno do pescoço para se proteger do frio. Sentia-se bem  depois de ter falado com alguém, pois tornou aquilo real. A revelação de seu segredo de longa data aliviou a pressão, permitindo-lhe relaxar uma pouco. Enfim, Becca acreditou que tudo daria certo." (pág. 13)

"Três batidas sonoras a assustaram.. Ela consultou o relógio e se espantou- ele só deveria chegar no dia seguinte. Ao menos que quisesse fazer uma surpresa, o que costumava acontecer.

Becca correu até a antessala e puxou a cortina para o lado.Ficou confusa com o que viu. Nessa confusão, seus pensamentos se perderam. (pág. 14)

"- Disse. Mas descobrir um segredo jamais é a chave. Descobrir porque um segredo é um segredo é o que leva a algum lugar. (pág. 120)


" Mas Kelsey nada disse. De seus muitos anos de experiência, ela se dava conta da obra de um homem perturbado. Mais do que isso: estava fascinada por ela." (pág.276)



Ora muito bem...

Aqui está um livro controverso.
Primeiro, devo admitir, que um autor novo para mim há tempos não me prendia ao livro de forma a fazer uma verdadeira maratona para terminar de lê-lo, aguçada não somente pela curiosidade, mas também por sua escrita fluída e bem elaborada .
Charlie Donlea escreve bem, narra bem, porém toda a narrativa desde a primeira página até o momento em que nós leitores, descobrimos a verdade por trás do segredo, desta vez o segredo do autor, não o da personagem, cai por terra pois nos sentimos "traídos" por ele.
É como se estivéssemos sendo enganados desde a badana do livro até o momento da descoberta engenhosa, porém desonesta que o autor se nos apresenta.
Quando vocês lerem, irão entender.
No geral o livro tem um bom enredo, personagens psicologicamente bem estruturados, a narrativa flui, os cenários são bem descritos, há dois tempos cronológicos paralelos muito bem interligados por sinal.
A história de Becca começa em 2012 precisamente no dia de sua morte. Atacada brutalmente em casa dos pais em Summit Lake, nos dá a entender que conhecia seu agressor, e assim começam as investigações através da polícia local e da repórter  Kelsey, que no passado fora agredida seriamente mas escapara da morte. Para ela, este é um caso "pessoal".
Em seguida somos transportados para o Campus da Universidade George Washington , onde Becca estudara Direito e tomamos ciência de seu cotidiano, suas amizades, "affairs", e finalmente seus segredos mais profundos.
Pois de todos esses segredos, um deles a levará ao desfecho fatídico do dia 17 de fevereiro de 2012.
Como referi no início, o livro é muito bem escrito, pictórico até, mas se o leitor for como eu que praticamente atravessa o portal entre a realidade e o mundo que o livro encerra, sentir-se -á enganado, traído, pelo fato de Charlie Donlea não ter jogado às claras com seu público.
É exactamente como o trecho citado acima na página 14 : "Ficou confusa com o que viu. Nessa confusão, seus pensamentos se perderam..."
Até entendo a intenção dele, mas a maneira como isto foi colocado no livro, deixa o leitor chateado.
Recomendo!

Assistam ao book trailer:



domingo, 25 de março de 2018



           Mindhunter- John Douglas e Mark                       Olshaker









Mindhunter, John Douglas e Mark Olshaker, Intrínseca, 1ª ed, 2017, Rio de Janeiro.
Título Original: Mind Hunter: Inside the FBI's Elite Serial Crime Uinit, Scribner, 1995,  Usa.





" Coloque-se na posição do caçador.
É isso que preciso fazer.Pense em um daqueles documentários sobre a natureza: um leão nas planícies do Serenti, na África. Ele avista uma enorme manada de antílopes ao redor de um olho d'água. Mas de alguma maneira ( que conseguimos notar em seus olhos), o leão se concentra em apenas um entre milhares de animais. Ele é treinado para detectar fraqueza, vulnerabilidade, alguma coisa diferente naquele antílope que o torna uma presa mais fácil em meio à manada.
O mesmo ocorre com algumas pessoas.(...)O que motiva esses caras é a emoção da caçada. " (pág. 22/23)

"Comportamento reflete personalidade" ( pág. 23)


" No entanto , um novo tipo de criminoso violento emergiu recentemente: o criminoso em série, que não costuma parar até que seja capturado ou morto, que aprende com a experiência e costuma se tornar cada vez melhor no que faz, aperfeiçoando constantemente seu cenário a cada crime cometido. Digo "emergiu" porque, de certa maneira, ele provavelmente sempre esteve entre nós, desde muito antes da Londres vitoriana de Jack, o Estripador, que costuma ser considerado o  primeiro assassino em série. E digo "ele" porque, por motivos que abordarei depois, todos os assassinos em série são homens." (pág. 27)


" Durante todos os meus anos de pesquisa, lidando com criminosos violentos, nunca me deparei com um que tivesse o que eu consideraria um histórico bom  e uma família funcional e solidária. Acredito que a maioria dos criminosos violentos é responsável por seus atos, pelas escolhas que fez, e deve encarar as consequencias. É ridículo afirmar que alguém não compreende a seriedade de seus atos porque tem apenas quatorze ou quinze anos.

Aos oito, meu filho Jed já entendia havia muito tempo o que era certo e o que era errado." (pág. 372)

" O dragão nem sempre vence e estamos fazendo o possível para garantir que vença cada vez menos. Mas o mal que ele representa- a coisa contra a qual lutei durante toda a minha carreira- não vai embora, e alguém precisa contar a história real. Isso foi o que tentei fazer, a partir do que eu mesmo vivi." (pág 373)


Well, uma das coisas contra as quais eu mais lutei em sala de aula é o uso de gírias em textos formais, argumentativos, ou mesmo narrativos a não ser que o personagem assim o peça.

E eis que me deparo com essas expressões sendo usadas neste livro, o que penso que o empobrece gramaticalmente falando.
Mas tirando isso, o livro é muito bom, é um relato de um dos autores, John Douglas, que dizem, inspirou o agente John Crawford em O Silêncio dos Inocentes, de Thomas Harris.
Vários casos mediáticos e outros nem tanto são relatados aqui com um ritmo perfeito, como se estivéssemos a ler um livro de ficção.
A história de vida de Ed Kemper, contada em detalhes sinistros pelo próprio Kemper, talvez seja uma das mais completas e por que não dizer, cativantes do livro.
Kemper tem um Q.I. acima da média e tem plena consciência de seus inúmeros crimes, que culminou na morte de sua mãe ( seu verdadeiro alvo desde o início) , a qual infligiu a ele tortura psicológica durante a infância e adolescência.
Detido desde 1973, atualmente com 67 anos, concedeu duas entrevistas ao FBI a fim de contribuir para o entendimento dos analistas comportamentais sobre a personalidade do serial killer.
Os assassinatos de crianças em Atlânta em 1981 é outro caso de destaque no qual toda a história é relatada até se chegar ao assassino Wayne D. Williams, julgado em 1982.
Outro caso interessante que depois saltou da realidade para o cinema é o caso de Robert Hansen, um padeiro no Alasca, que começou por caçar animais selvagens e passou a caçar prostitutas que capturava e soltava na floresta.
O filme veio com o título de Sangue no gelo, com John Cusak no papel de Robert.
Penso que o livro trouxe uma contribuição esclarecedora sobre a análise comportamental de assassinos em série, porém fica sempre uma pergunta a nós, leitores: por que à vezes "eles" vencem?
Onde está a lição que se tira de um caso em que uma garota do Ensino Médio, é brutalmente assassinada e depois outra menina de apenas nove anos com o mesmo destino, até que o sequestrador foi apanhado?
E quantos outros casos brutais em que o assassino não é apanhado?
Talvez, Stephen King esteja certo ao afirmar que " Monstros e fantasmas existem, e às vezes, eles vencem"
Triste.
Boa leitura!



Ed Kemper

Ed Kemper's Mother

Wayne D.Williams- homicíos de crianças em Atlânta

Robert Hansen- Caçador do Alasca

sábado, 31 de outubro de 2015

Dança da Morte- Douglas Preston e Lincoln Child



Dança da Morte, Douglas Preston e Lincoln Child, Record, 2011, Rio de Janeiro.
Título original- Dance of Death, 2005



" A detetive capitã Laura Hayward atravessou a sala  e olhou pela janela com cuidado para não esbarrar  na mesa  que haviam colocado à frente.
(...)
Laura gostava de trabalhar em casos de homicídios bem  feitos. As mortes violentas eram bastante desordenadas." ( pág. 78)

"- Este emprego me permite manter um olho em você e, por seu intermédio, em outras pessoas importantes para mim. Tenho melhores possibilidades de caçar Diogenes estando nas sombras." (pág. 92)

Este livro pertence a uma trilogia chamada A Trilogia Diogenes, porém apenas consegui ler este, o segundo, devido à indisponibilidade dos outros dois.
Penso que mesmo para quem não leu o primeiro, os autores trazem à tona passagens que remetem a ele, deixando o leitor mais ou menos informado sobre os acontecimentos passados.
Neste livro Diogenes, irmão desequilibrado do agente do FBI Pendergast, ameaça eliminar os amigos mais queridos e próximos do irmão, e vai deixando cartas, anunciando seus próximos passos, como fazia nosso amigo Zodiac...
Através de disfarces, jogo de gato e rato, o enredo vai se desenvolvendo.
Particularmente não achei nada de especial, mas fica a dica.
Cada cabeça uma sentença.


domingo, 1 de junho de 2014

O Terceiro Segredo- Steve Berry


          O Terceiro Segredo- Steve Berry



O Terceiro Segredo, Steve Berry, Record, 2010, Rio de Janeiro.




The Third Secret, Steve Berry, Ballantine Books, 2005, Usa.


" Fátima, Portugal
 13 de julho de 1917.

Lúcia olhou para o céu e viu Nossa Senhora descer."  (página 13)


" O corredor do outro lado estava vazio, mas um brilho no chão de mármore chamou sua atenção.
  Ajoelhou-se.
  As poças transparentes de umidade surgiam regularmente, as gotas indo pelo corredor, depois voltando pela porta e entrando no arquivo. em algumas das poças havia restos de lama, folhas e grama.
 Seguiu a trilha com o olhar e parou no fim de uma fileira de estantes. A chuva continuava a cair no telhado.
 Sabia o que eram as poças.
 Pegadas."  (página 27)

Quando a irmã Lúcia revelou o terceiro segredo de Fátima, transcreveu-o e seu registro ficou guardado na Riserva do Vaticano por longos anos.
Porém, vem-se a descobrir que o registro que teria três partes, apresenta-se apenas com duas das partes relatadas por Lúcia.
Alguém havia retirado dos arquivos do Vaticano a terceira parte, que, acreditava-se, abalaria os alicerces da atual Igreja Católica.
Uma ameaça ao Vaticano tal como o conhecemos ao longo dos séculos, com suas regras e intolerâncias.
O padre, Colin Michener, secretário papal, é encarregado por Clemente XV, de ir até a Bósnia em busca do tradutor do relato para o italiano e detentor do que seria a terceira parte do segredo.
Começa então uma corrida contra o tempo, uma luta entre o futuro papa Valendrea e o secretário de Clemente XV, a fim de resgatar o manuscrito de Lúcia, na íntegra e revelá-lo ao mundo.
Um thriller ao estilo de Ken Follet, ou o próprio Dan Brown bastante interessante, com informações históricas acerca das aparições marianas bem fundamentadas, uma dose de mistério e suspense, o romance entre o padre Michener e Katerina apresenta-se um tanto contido, mas depois pensei que assim o foi, porque assim convinha aos portões do Vaticano.
Leitura fácil, fluente, recomendável.
Com a leitura deste livro, minhas convicções acerca da Igreja Católica como instituição criada pelo Homem, ficaram ainda mais frimes.
Homens do Vaticano, representantes de Deus na Terra, Santo Padre e tudo o mais, são como sempre o foram, homens de carne e osso com desejos, ódios, invejas, ganância de poder, e sobretudo, falta de humildade.
Boa leitura.




domingo, 17 de março de 2013

        

            A Sombra de Poe- Matthew Pearl




A Sombra de Poe, Matthew Pearl, Ulisseia, 2008, Lisboa
Título Original- The Poe Shadow, 2006.

" Era do tempo. Não: dos meros quatro ou cinco homens que assistiam- o mínimo necessário para erguer um caixão adulto.Ou talvez a sensação de tristeza fosse sobretudo proveniente daquela maneira brusca e rude de encerrar a cerimónia. Nem sequer o mais miserável funeral de um indigente que eu presenciara, nem os funerais no pobre cemitério judeu ali próximo, nem sequer esses tinham mostrado tanta indiferença nada cristã. Não havia ali uma simples flor nem uma lágrima. (pág.15)

"Na minha adolescência, dois factos da minha vida foram fixados como um destino: a minha admiração pelas obras literárias de Edgar Poe e, como já sabem, a minha ligação com Hattie Blum." (pág.19)

"Eu compreendi, através de Dupin, que a verdade era também o único objetivo para Edgar A. poe e que era precisamente isso que assustava e confundia tantos a respeito de Poe. O genuíno mistério não era o enigma particular que a mente se esforçava por resolver: a mente humana, esse era o verdadeiro e perene mistério de cada conto." (pág. 21)

"- Quando nos decidimos a ler Poe, é difícil, não, impossível evitar que suas palavras nos afectem.  Na verdade, aquele ou aquela que lê Poe demasiado, parece-me que julgará estar dentro de uma das suas assombrosas e perplexas criações."(pág. 229)

Já havia lido Matthew Pearl antes, O Clube de Dante foi minha estreia, mas creio que este "A Sombra de Poe" superou, se é que se pode dizer assim, o seu livro de estreia.
Poe morreu em circusntâncias misteriosas, isso já se sabe, o que o autor tenta fazer neste livro e o consegue, é escarafunchar cada detalhe dos cinco últimos dias de Poe, através da personagem de um advogado e admirador de Poe, Quentin Hobson Clark, que por sua vez terá ajuda do Barão Dupin e do investigador Duponte, ambos inspirados no famoso detetive das histórias de Poe, Auguste. C. Dupin.
Juntos, o trio e também uma misteriosa mulher, Bonjour, vão trazer ao de cima as hipóteses, sendo uma delas possivelmente verdadeira, sobre o que teria acontecido com Poe para que chegasse a nível tão miserável e triste cinco dias antes de morrer.
Quem teria sido de facto, Reynolds?
Como Poe chegou ao hospital quase desfalecido e com roupas que não poderiam ser suas?
Estaria o escritor envolvido em alguma irmandade secreta e sabia demais?
Respostas e uma trama inteligentemente dedutiva o leitor encontrará certamente, em The Poe Shadow.
Altamente recomendável.
Elementar, meu caro leitor. Elementar.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013


            Causa Mortis- Patricia Cornwell



Causa Mortis, Patricia Cornwell, Companhia das Letras, 2000, São Paulo.
Título original- Cause of Death, 1998.

" Sou a doutora Kay Scarpetta, legista -chefe, identifiquei-me, mostrando o distintivo de latão que simbolizava minha autoridade sobre qualquer morte súbita, inesperada, inexplicável ou violenta no estado da Virgínia".(pág. 17)

"O sangue de Eddings tinha cheiro de amêndoa amarga, e não me surpreendia que nem Roche nem Danny fossem capazes de senti-lo. A capacidade de sentir o cheiro de cianureto é uma característica feminina recessiva herdada por menos de trinta por cento da população. Eu fazia parte dos raros afortunados." (pág. 47)

"A bíblia dos neo-sionistas ostentava o título de Livro de Hand, pois o autor recebera inspiração direta de Deus e modestamente batizara a obra com seu  nome."(pág.81)

"Causa Mortis" seguramente não é o meu livro preferido de Patricia Cornwell, mas isto explica-se facilmente pela minha falta de interesse sobre temas de terrorismo, espionagem, e coisas relacionadas à Marinha.
Vem da infância, nunca gostei e não será agora na "madureza",como diria Carlos Drummond de Andrade, que vou gostar. Somos o que somos.
Mas o livro não é mau, apenas diferente dos que li até agora, e creio, um pouco diverso do estilo de Cornwell.
Um jornalista é encontrado morto num local onde a Marinha mantém uma espécie de cemitério de navios, aparentemente Eddings morrera afogado, mas a doutora Kay Scarpetta, ao fazer a autópsia, descobre que ele fora envenenado com cianureto através do tubo de oxigênio.
A partir daí as investigações se voltam para a Marinha e para as pessoas próximas ao jornalista, como por exemplo sua namorada.
Um estagiário de Kay, Danny, acaba por morrer enquanto levava o carro da doutora para casa, durante a perícia, descobre-se marcas de calçado no chão do lado do passageiro, os exames laboratoriais revelam urânio radioativo.
Sentido-se culpada pela morte de seu estagiário, Kay prossegue a investigação e vai dar a uma rede terrorista com ligações aos neo-sionistas a qual Eddings estava pesquisando antes de ser envenenado.
Afinal, onde a levará tudo isso?
Quem estaria ligado ao grupo terrorista que por sua vez estava interessado no urânio radioativo para fins ilícitos?
À parte o enredo voltado para a investigação, segue a "soap opera" dos personagens já conhecidos do público habituado a ler Patricia Cronwell, que vai muito bem obrigada, além disso gosto muito quando, numa quebra na tensão da narrativa, Kay vai para a cozinha e prepara seus pratos italianos, ou anglo-italianos, uma vez que sou apaixonada por gastronomia, tanto quanto pelos livros de suspense.
A doutora tem um ótimo gosto para escolha de vinhos e pratos.
" Fiz com que ficassem fora do meu caminho e comecei a medir a farinha de glúten, fermento, um pouco de açúcar e azeite de oliva, misturando tudo numa bacia. Acendi o forno em fogo baixo e abri uma garrafa de Côte Rôtie, para estimular a cozinheira a iniciar o trabalho mais sério. Com a refeição, planejava servir um Chianti." (pág. 61)
Patricia Cornwell até lançou um livro de culinária com as receitas da médica legista, investigadora, advogada, amante, cozinheira e tia mais conhecida do meio literário. 

Confiram no link abaixo que dá para ver algumas partes do livro virtualmente.

http://www.amazon.com/Food-Die-Secrets-Scarpettas-Kitchen/dp/0425193624







Leiam Causa Mortis, e para relaxar, conheçam a cozinha de Kay Scarpetta.
It' all folks!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013



      ELES :
Uma Viagem aos recantos sombrios da mente humana









Sempre me perguntei como pessoas aparentemente normais, são capazes de atos cruéis e hediondos contra outras pessoas, esta pergunta foi aos poucos transformando-se em curiosidade, da curiosidade para um aprofundamento por conta própria no mundo, se é que se pode chamar assim, de seres que tinham já cometido alguma atrocidade, serial killers, bombistas, terroristas, psicopatas, enfim, mentes perturbadas que num momento de suas vidas optaram pelo caminho obscuro e sombrio deixando um rastro de morte e dor até serem apanhados, julgados e condenados. Quando o são, porque há os que nunca foram apanhados, como por exemplo, Jack, the Ripper, e Zodíaco.
O resultado de alguns aninhos de pesquisa, de muita leitura, quero apresentar  aqui no Hello Clarice pelo menos uma vez ao mês, ou mês sim mês não, conforme a vida correr, sem pretensão de uma biografia ou estudo aprofundado, apenas partilhar essas vidas perturbadas com vocês, vê-los mais de perto, saber seus motivos, sua infância, seus atos, seu final.
Para se conhecer o mal de perto, é preciso sair da zona de conforto e arriscar,mesmo com medo seguir o propósito, olhar nos olhos da criatura sem piscar e vê-la como realmente é, e pensar em que ponto da vida começou a queda.

Vê-los como passageiros numa viagem de comboio de Braga ao Porto, conversar com eles, procurar entender, procurar respostas, montar o puzzle, e ver no final que peças defeituosas nem sempre se encaixam.

Apenas uma viagem silenciosa e pausada aos recantos sombrios da mente dessas pessoas que um dia, a determinada hora da manhã, da tarde  ou da noite, entraram no ponto de viragem e não souberam, ou não quiseram mais voltar.
Nossa viagem começa hoje, precisamente, porém o comboio ainda não chegou à estação.
Ele virá e nós cá estaremos a espera de entrar e conhecer nosso primeiro destino, nossa primeira paragem.
Certamente não será uma paragem primaveril e fresca, será inverno, mas quem disse que tudo tem que ser primaveril e solarengo?
Embarquemos, pois, no inverno, porque quem ainda acredita que a vida só passa por campos de flores, pouco conhece de si próprio.
Boa viagem!













domingo, 11 de novembro de 2012




  O Diário de Jack, O Estripador-Shirley Harrison




O Diário de Jack, O Estripador, Shirley Harrison, Universo dos Livros,2012,São Paulo.
Título Original- The Diary of Jack, the Ripper: the chlling confessions of James Maybrick.

"Um pouco além da Riversdale Road fica uma grande casa vitoriana construída com o gentil e avermelhado arenito característico da opulência de Liverpool do século XIX. Foi ali que James Maybrick viveu no final dos anos de 1880,quando os assassinatos de Whitechapel estavam sendo cometidos em Londres.O Diário, supostamente escrito por esse aparentemente insignificante homem de negócios, insinua que ele era o assassino diabólico que tantas pessoas investigaram por muito tempo." Prof. David Canter Do Prefácio (pág.13)

"Ele viveu na casa de número 7 da Riversdale Road no final dos anos 1880"  Prof. David Canter Do Prefácio.(pág.25)

Ora, vamos lá confessar uma coisa: quando vi este livro na estante da biblioteca que frequento, pensei cá comigo: Mais um! 
Porque diga-se de passagem o que mais há pelo mundo literário são livros sobre Jack, o Estripador e seus horrendos crimes não solucionados.
Brilhante este senhor, diga-se de passagem, não quer isso dizer que aprovo os crimes por ele cometidos, mas intriga-me e porque não dizer fascina-me sua inteligência e esperteza desafiando até hoje, século XXI a inteligência e perspicácia de investigadores, escritores, historiadores, psiquiatras, e pessoas comuns. 
Muitos suspeitos, mas...quem foi de fato, Jack, o Estripador?
Já postado aqui no Hello Clarice, o livro "Jack, the Ripper,Case Closed" de Patricia Cornwell, mostrou-nos que possivelmente o pintor Walter Sickert fosse o Estripador de Whitechapel, a autora numa pesquisa intensa, e trabalho forense tenta provar sua tese e não lhe tiro o mérito, porque como já comentei na postagem do livro, se não foi ele, o livro vale pela pesquisa e coerência forense apresentada.
Por falar em pesquisa,enganei-me redondamente quando exclamei para meus botões "mais um!", porque o presente livro, não é um livro qualquer sobre o Estripador. É uma pesquisa muito bem documentada, séria, exaustiva,e de agradável leitura, que me lembra muito, na fluidez da escrita, Kate Summerscale, em "As Suspeitas do Sr. Whitcher".
A história curiosa e interessante do Diário é relatada de forma deliciosa e macia, se é possível usar um adjetivo tão singelo numa livro sobre um psicopata terrível, mas é assim que sinto a escrita do livro, macia...
Desde a forma como ele foi parar às mãos de Michael Barret até sua publicação pela autora, vai uma procissão, mas uma procissão interessantíssima, que nada mais quer do que revelar a história de James Maybrick, sua infância, vida adulta e morte envenenado pela própria mulher,e mais que tudo seu suposto diário,o qual estaria assinado Jack, the Ripper na última página.
Aliás, se James foi Jack,sua morte explica, por exemplo, a interrupção súbita dos crimes. Isto sou eu a "Sherlockar...." rsrs.
Aqui, a tinta das cartas enviadas a Scotland Yard e a tinta usada no Diário é um forte indicador, assim como o famigerado relógio de James, com a frase sinistra "I'm Jack". Já no livro Jack the Ripper, Case Closed, a investigação da tinta usada nas cartas foi crucial.
Como aconteceu com o livro de Patricia Cronwell,o que digo aos leitores é que não sei se James Maybrick foi o nosso assassino.MAS, conhecer sua história,seus hábitos, sua família,a Londres vitoriana em que viveu e supostamente aterrorizou por certo tempo, não nos torna mais pobres, muito pelo contrário.
Porque como diz a autora na Introdução:"Tanto o Diário como o relógio desafiam alguém,em algum lugar, a revelar e explicar o verdadeiro significado do enigmático lema da família Maybrick: Tempus Omnia Revelat [ O Tempo Tudo Revela]. (pág.32).
Aconselho, se me permitem, duas leituras,a primeira como ficção e uma segunda como não ficção. Vão notar uma diferença dentro de si mesmos, na segunda leitura.
Bom Tour!

James Maybrick




A lápide de Maybrick vandalizada no Cemitério de Anfield