segunda-feira, 8 de julho de 2019


A Aventura do Pudim de Natal- Agatha Christie





A Aventura do Pudim de Natal, Agatha Christie, L&PM Pocket, 2014,Rio Grande do Sul
Título Original: The adventure of the Christimas Pudding , 1960, Collins Crime Club


" Poirot se arrepiou novamente. A ideia de uma mansão inglesa do século XIV o enchia de apreensão. Muitas foram as vezes que ele penara nas históricas casas de campo da Inglaterra. Olhou para seu apartamento moderno e confortável, com aquecedores e equipamentos de última geração para eliminar qualquer possibilidade de correntes de ar.
_ No inverno- ele disse com firmeza- , eu não sao de Londres." (pag.10- A aventura do pudim de Natal)

" - Uma arca espahola- ele refletiu- A senhorita pode me dizer, srta. Lemmon, o que é exatamente uma arca espanhola?
- Creio, monsieur Poirot, que seja uma arca origniária da Espanha.
- Esta é uma suposição sensata.Logo, a senhorita não tem conhecimento algum sobre o assunto? (pág. 63- O Mistério da Arca Espanhola)

" - Nesse meio tempo- continuou- todos os moradores da casa já deram suas versões dos fatos , o senhor Leverson entre eles, e na versão dele o que consta é que chegou já tarde e foi dormir sem ver o tio.
- Foi isso que ele disse.
_ E ninguém viu motivos para duvidar- refletiu Poirot- , exceto, claro, Parsons. Então aparece um inspetor da Scotland Yard, inspetor Miller, a senhorita disse, não? Eu o conheço. Cruzei com ele uma ou duas vezes no ano passado. Ele é o que chamam de um sujeito arguto, um investigador, um farejador." (pág.115- Poirot sempre espera)


" Hercule Poirot jantava com seu amigo Henry Bonnington no Gallant Endeavour, em King's  Road, Chelsea.
O senhor Bonnington tinha predileção pelo Gallant Endeavour . Gostava da atmosfera tranquila e da comida "simples" e "inglesa" e sem "bizarrices culinárias" (pág 189- Vinte e quatro Melros)

" A porta só abriu depois do intervalo de tempo correto.
Um exemplar perfeito da espécie mordomo estava parado contra a luz do hall.
- O senhor Benedict Farley está?- perguntou Hercule Poirot.
O olhar impessoal o observou da cabeça aos pés, de maneira inofensiva, porém, eficiente. 
En gros et en détail, pensou Hercule Poirot" (pág. 209- O sonho)

" Greenshaw foi o homem que a construiu?
_ Foi. Em 1860 ou 1870, por ai. O grande acontecimento local da época. Um garoto sem nada que construiu uma enorme fortuna. A opinião local divide-se quanto ao motivo que o levou a construir essa casa , se foi para mostrar a opulência da riqueza  ou para impressionar seus credores. No segundo caso não os impressionou. Ele foi á falência do mesmo jeito, ou quase isso. Daí o nome , a extravagância de Greenshaw." (pág. 241- A Extravagância de Greenshaw)

Esta deliciosa coletânea de contos , segundo a própria autora, foi para relembrar os antigos Natais que passava no Norte da Inglaterra em sua juventude.
São contos de certa forma leves, porém bem elaborados, como tudo o que ela escreve.
Em um total de seis contos, o "carro chefe" por assim dizer, posto que a autora considera esta reunião de contos uma verdadeira ceia, sendo os contos os pratos, é sem dúvida A aventura do Pudim de Natal, pois não somente é o conto mais interessante, como também aquele que remete às antigas tradicões natalinas nas casas de campo britânicas.
Poirot, muito a contragosto, aceita um convite para passar o Natal em uma antiga casa do século XIV, com receio de morrer ao frio, mas encontra ali um caso interessante de um roubo de uma jóia meticulosamente escondida dentro de um dos pudins natalinos.
Os demais contos também giram em torno de pequenos furtos, assassinatos, muita tradição gastronômica e falsas pistas para enganar o leitor.
Com esta pequena pérola gastro-literária, Agatha Christie presenteia o leitor com sua sagacidade, bom humor e raciocínio lógico sempre  presentes nas demais obras, porém de maneira mais descontraída, como se contasse histórias à beira da lareira na noite de Natal.
Enjoy!