A Garota no Gelo- Robert Bryndza
Título original: The Girl in the Ice.
The Girl in the Ice, Robert Bryndza, Paperback, 2016, London UK
" Com o coração disparado, ele esticou a mão e apertou-o gentilmente. Estava frio e borrachudo. Havia geada agarrada na unha,que estava pintada de roxo escuro. Ele puxou a manga de seu casaco, colocando-a por cima da mão, e esfregou o gelo ao redor dele. A luz do iPhone lançou um verde sombrio sobre a superfície congelada, e logo abaixo ele viu uma mão esticada na direção de onde o dedo atravessava o gelo. O que devia ser um braço, desaparecia na direção das profundezas" (pág. 15)
" - A mãe de Andrea é eslovaca. Assim como você...Achei que isso poderia ajudar as coisas, um policial com quem a mãe dela pudesse se identificar." (pág.21)
" Na imagem, Andrea estava subindo no vagão do trem com uma perna nua e bem torneada. A expressão fixa em seu rosto era de raiva. Estava vestida para arrasar, de jaqueta de couro apertada sobre um vestido preto curto, com sapatos de salto alto rosa e uma bolsa clutch que combinava com eles" (pág.25)
" À medida que os dias passaram, a figura estava ficando mais confiante, quase convencida de que o corpo de Andrea não seria encontrado O inverno acabaria, e com o calor da primavera, ela apodreceria; até que sua máscara de beleza tivesse sumido e ela ficasse mais parecida com quem realmente era." (pág 62)
" Acima dela estava escrito com pincel atômico vermelho: VOCÊ É IGUAL A MIM, DETETIVE FOSTER. CADA UM DE NÓS MATOU CINCO"(pág.165)
"Talvez aquele fosse o tal caso. Aquele que escapa.Todo policial era assombrado por um caso não solucionado.Ela bateu a cinza no cascalho e um miado anunciou que havia, debaixo do banco,um gato preto e grande que saiu do seu esconderijo e se esfregou nas pernas dela." ( pág.298)
A Garota no Gelo...parece que nos últimos anos títulos envolvendo "Garotas" em algum lugar, ou, com um adjetivo complementar, tem sido uma constante ; por exemplo: A Garota do Lago, A Garota no trem, A Garota Exemplar...muito embora dos títulos aqui citados, somente The Girl in Ice, The Girl on a train é que têm a palavra Garota em seu título original.
A Garota no Lago tem o título original de Summit Lake e A Garota Exemplar, Gone Girl. Coisa de tradutores...enfim...
A Garota no Gelo, é a estreia de Robert Brindza no romance policial, ele já havia publicado uma série de livros no gênero comédia, Coco Pinchard que depois transformou-se em uma série televisiva.
Penso que sua estreia no gênero policial foi bem interessante, criou sua "Hercule Poirot", Erika Foster, a qual participará dos livros subsequentes na saga da detetive que perdeu o marido recentemente, não costuma ser muito ortodoxa no cumprimento de seu dever, mas é a melhor detetive em sua unidade.Sua nacionalidade é eslovaca, mas casou-se com um britânico, de onde vem seu sobrenome Foster.
O caso é perturbador desde seu início, pois Andrea Douglas Brown é encontrada por Lee, em um lago congelado durante o árduo inverno londrino.
Por ser filha de um influente empresário, o pai tenta de todas as formas desviar as atenções para o terrível crime, mas a Unidade em que Erika trabalha não desistiu de procurar as evidências. Nem tampouco de relacionar o assassinato de Andrea com casos não resolvidos de prostitutas da Europa de Leste.
O livro tem descrições do inverno muito boas, da neve a cair, das rajadas de vento, que pouco a pouco vão introduzindo o leitor nos cenários gélidos onde a narrativa se desenvolve.
Os personagens, compostos sobretudo por policiais, a família da vítima, e amigos desta, são consistentes, têm uma vida social para além do trabalho, e isto dá uma folga ao leitor quando o rumo das investigações beira o sombrio e macabro.
Por ser o primeiro romance policial do autor, talvez algumas poucas pontas soltas ficam por amarrar, mas nada que comprometa a leitura vigorosa, sobretudo depois do capítulo 60 no qual as ideias de Erika Foster vão tomando forma e ela consegue finalmente descobrir o assassino de Andrea.
O livro passa pelas pistas falsas que são lugar comum no gênero, mas ao contrário de A Garota do Lago , Charlie Donlea, não enganam o leitor, apenas o despistam por alguns capítulos, para depois deixarem que ele faça suas próprias conjecturas sobre quem seria o assassino.
Confesso que não me passou pela cabeça o verdadeiro culpado. Pensei em dois membros da mesma família mas não nele. Surprise, surprise!
Penso que o autor começou muito bem em seu débuts como autor policial,mas tenho uma ressalva a fazer.
O tradutor Marcelo Hauck foi muito infeliz na tradução, usou gírias , palavras apenas ditas na oralidade , traduziu orações inteiras com erros gramaticais, até entendo que quando há diálogos informais, o vocabulário é mais leve, mas não é necessário perder a elegância, meus alunos de Ensino Médio escrevem melhor que ele. Vou citar alguns exemplos mais abaixo. Lamentável. Se este senhor for o tradutor de toda a série Erika Foster, vai ser difícil ler os próximos, isto sem contar que para a reputação do autor não calha nada bem.
Mas recomendo darem uma boa olhada no livro e conhecerem de perto os segredos da GAROTA NO GELO.
BOA LEITURA!
Trechos : (...) " eu devia ter percebido, mas achava que ela ia parar depois que nós casássemos; e depois a gente ia embarrigar"
" Marsh catou a menina que estava chorando e beijou o rosto dela..."
" Ela preferia muito mais ir para um hotel durante alguns dias, enquanto procurava um apartamento, do que deixar que Marsh sentisse pena dela"
"(...) Anda, acorda elas- Ivy xingou"
" - E você pirou o cabeção ,né?"
" Senhor, se me chamou aqui para me meter o ferro,prefiro que seja feito em particular"
Para quem entende o mínimo de gramática e norma culta reconhecerá estes e outros erros cometidos na tradução.
Depois quando eu digo aos meus alunos que pela minha experiência na Europa, os europeus preferem ler os livros no original aos traduzidos no Brasil, ficam estarrecidos. Aí está o porquê.
O autor |
O tradutor |
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