domingo, 25 de março de 2018



           Mindhunter- John Douglas e Mark                       Olshaker









Mindhunter, John Douglas e Mark Olshaker, Intrínseca, 1ª ed, 2017, Rio de Janeiro.
Título Original: Mind Hunter: Inside the FBI's Elite Serial Crime Uinit, Scribner, 1995,  Usa.





" Coloque-se na posição do caçador.
É isso que preciso fazer.Pense em um daqueles documentários sobre a natureza: um leão nas planícies do Serenti, na África. Ele avista uma enorme manada de antílopes ao redor de um olho d'água. Mas de alguma maneira ( que conseguimos notar em seus olhos), o leão se concentra em apenas um entre milhares de animais. Ele é treinado para detectar fraqueza, vulnerabilidade, alguma coisa diferente naquele antílope que o torna uma presa mais fácil em meio à manada.
O mesmo ocorre com algumas pessoas.(...)O que motiva esses caras é a emoção da caçada. " (pág. 22/23)

"Comportamento reflete personalidade" ( pág. 23)


" No entanto , um novo tipo de criminoso violento emergiu recentemente: o criminoso em série, que não costuma parar até que seja capturado ou morto, que aprende com a experiência e costuma se tornar cada vez melhor no que faz, aperfeiçoando constantemente seu cenário a cada crime cometido. Digo "emergiu" porque, de certa maneira, ele provavelmente sempre esteve entre nós, desde muito antes da Londres vitoriana de Jack, o Estripador, que costuma ser considerado o  primeiro assassino em série. E digo "ele" porque, por motivos que abordarei depois, todos os assassinos em série são homens." (pág. 27)


" Durante todos os meus anos de pesquisa, lidando com criminosos violentos, nunca me deparei com um que tivesse o que eu consideraria um histórico bom  e uma família funcional e solidária. Acredito que a maioria dos criminosos violentos é responsável por seus atos, pelas escolhas que fez, e deve encarar as consequencias. É ridículo afirmar que alguém não compreende a seriedade de seus atos porque tem apenas quatorze ou quinze anos.

Aos oito, meu filho Jed já entendia havia muito tempo o que era certo e o que era errado." (pág. 372)

" O dragão nem sempre vence e estamos fazendo o possível para garantir que vença cada vez menos. Mas o mal que ele representa- a coisa contra a qual lutei durante toda a minha carreira- não vai embora, e alguém precisa contar a história real. Isso foi o que tentei fazer, a partir do que eu mesmo vivi." (pág 373)


Well, uma das coisas contra as quais eu mais lutei em sala de aula é o uso de gírias em textos formais, argumentativos, ou mesmo narrativos a não ser que o personagem assim o peça.

E eis que me deparo com essas expressões sendo usadas neste livro, o que penso que o empobrece gramaticalmente falando.
Mas tirando isso, o livro é muito bom, é um relato de um dos autores, John Douglas, que dizem, inspirou o agente John Crawford em O Silêncio dos Inocentes, de Thomas Harris.
Vários casos mediáticos e outros nem tanto são relatados aqui com um ritmo perfeito, como se estivéssemos a ler um livro de ficção.
A história de vida de Ed Kemper, contada em detalhes sinistros pelo próprio Kemper, talvez seja uma das mais completas e por que não dizer, cativantes do livro.
Kemper tem um Q.I. acima da média e tem plena consciência de seus inúmeros crimes, que culminou na morte de sua mãe ( seu verdadeiro alvo desde o início) , a qual infligiu a ele tortura psicológica durante a infância e adolescência.
Detido desde 1973, atualmente com 67 anos, concedeu duas entrevistas ao FBI a fim de contribuir para o entendimento dos analistas comportamentais sobre a personalidade do serial killer.
Os assassinatos de crianças em Atlânta em 1981 é outro caso de destaque no qual toda a história é relatada até se chegar ao assassino Wayne D. Williams, julgado em 1982.
Outro caso interessante que depois saltou da realidade para o cinema é o caso de Robert Hansen, um padeiro no Alasca, que começou por caçar animais selvagens e passou a caçar prostitutas que capturava e soltava na floresta.
O filme veio com o título de Sangue no gelo, com John Cusak no papel de Robert.
Penso que o livro trouxe uma contribuição esclarecedora sobre a análise comportamental de assassinos em série, porém fica sempre uma pergunta a nós, leitores: por que à vezes "eles" vencem?
Onde está a lição que se tira de um caso em que uma garota do Ensino Médio, é brutalmente assassinada e depois outra menina de apenas nove anos com o mesmo destino, até que o sequestrador foi apanhado?
E quantos outros casos brutais em que o assassino não é apanhado?
Talvez, Stephen King esteja certo ao afirmar que " Monstros e fantasmas existem, e às vezes, eles vencem"
Triste.
Boa leitura!



Ed Kemper

Ed Kemper's Mother

Wayne D.Williams- homicíos de crianças em Atlânta

Robert Hansen- Caçador do Alasca

Nenhum comentário:

Postar um comentário