Não confie em ninguém, Charlie Donlea, Faro Editorial, 2018, Barueri, São Paulo
Título original: Don't believe it, Pinnackle Books, Kensington Publishing Corp, 2018
" Em um longa-metragem, o diretor é Deus; em um documentário, Deus é o diretor" -Alfred Hitchcock "
" O sangue era um problema." (pág. 13)
" Matar alguém exige perfeição, timming e sorte. Eu esperava que esses três atributos estivessem ao meu lado nesse entardecer" (pág. 13)
"Julian ouviu um graveto estalando atrás de si, e se perguntou como ela pudera alcançar o penhasco sem ele perceber a aproximação. Antes que esse pensamento fizesse seus músculos reagirem, Julian sentiu um golpe abalar seu corpo.Começou na cabeça, um impacto rápido que paralisou o tempo e congestionou seus movimentos, como se ele nadasse em óleo." (pág. 17)
"- Foram detectados vestígios de fibras de organza no ferimento e couro cabeludo de Henry Anderson." (pág.286)
" Gus deu um sorriso sutil.
_ Não acredito nisso." (pág.347)
Sem sombra de dúvidas , este é o melhor livro de Charlie Donlea até o momento.
Os anteriores são muito bons, e ainda os vou resenhar aqui. Um deles, A Garota do Lago, já publiquei uma resenha aqui.
Mas, esse livro de hoje é quase uma obra-prima do autor até agora.
Um thriller extremamente bem engendrado, bem escrito, uma trama que nos leva a pensar dez vezes antes de levantar a primeira suspeita.
Porque em princípio, todos são suspeitos.
O autor escreve de uma maneira muito interessante que aponta a mesma narrativa sob dois pontos de vista: a do(a) assassino(a) e da vítima.
A cena que abre o livro narra a cena do crime que vitima Julian. Nas páginas seguintes, a mesma cena sob o ângulo de Julian. E assim vamos sendo surpreendidos por uma narrativa ora linear, ora com flashbacks, ora sob o ponto de vista do (a) algoz ,ora sob o ponto de vista da vítima.
Creio que o título original "Don't believe it" é uma pista para a personagem Sidney Ryan, para o personagem Gus, e para nós , leitores.
Pistas falsas são lançadas, mas só nos damos conta de que o são quando uma revelação chocante nos toma de assalto em dados capítulos.
Então somos forçados a reler passagens anteriores , e, se vocês forem como eu que vai anotando a lápis nas margens as suspeitas, rever tudo o que suspeitávamos antes.
O livro beira o genial.
O plot é , de forma sucinta, a história de Grace Sebold acusada de matar o namorado, Julian, empurrando-o de um penhasco. Ainda na prisão escreve uma carta à cineasta Sidney Ryan, pedindo ajuda.
Sidney decide realizar um documentário e começa a investigação para seu documentário e afim de inocentar Grace.
Durante esse período de pesquisas, entrevistas e suposições, vai desvendar o passado sombrio da juventude de Grace e seus amigos, e familiares.
Parece cliché, eu sei... mas neste caso, nesse livro não é.
Recomendo muito, será uma leitura instigante, interessante, fluida, "page-turner" principalmente bem escrita.
Charlie Donlea veio para ficar, em um gênero que cresce vertiginosamente, e nem sempre há boas narrativas, o autor não será passageiro.
Boa leitura!