sábado, 9 de setembro de 2017


TWIN PEAKS- Arquivos e Memórias. Brad Dukes





Twin Peaks- Arquivos e memórias, Brad Dukes, Darkside, Rio de Janeiro, 2016
Título original- Reflections- an oral history of  Twin Peaks, Short/ Tall Press, 2014, U.S.A.





Hello Diane...
" Lembrarei para sempre de uma calma noite de verão em agosto de 1990.Eu tinha 9 anos de idade e brincava sozinho no quarto de cima com minha coleção de bonecos.
Desci para pegar uma Coca-Cola e reparei que minha mãe estava na pontinha da cadeira com seu café, como se estivesse prestes a ser absorvida metafisicamente pelo minúsculo aparelho de televisão sobre o balcão da cozinha.
quando me aproximei da tela, vi um vulto sombrio se movendo pela floresta à noite e perguntei para a minha mãe o que ela estava assistindo.Sem desviar os olhos da televisão, ela sussurrou : "Uma garota foi assassinada e eles estão tentando encontrar o assassino." Não ousei sair da cozinha até que surgissem os créditos."
(...)
" Vinte e cinco anos depois, Twin Peaks continua a me encher de admiração.Sinto-me obrigado a documentar e preservar este breve capítulo da história da televisão que é diferente de qualquer outro, anterior, ou posterior.Desejo que este livro, leve você, leitor, um pouco mais fundo dentro do mundo de Twin Peaks, um lugar tão maravilhoso, quanto estranho.

                                                     Brad Dukes, Prefácio.

Falar sobre Twin Peaks é entrar pela primeira vez no mundo extraordinário, estranho, fascinante e assustador de David Lynch.
Tinha eu acabado de entrar para a faculdade e tal como Brad Dukes, não conseguia sair da sala até os créditos finais.
Lembro-me também de ter deixado uma relação a conta da série, pois achava a série muito mais interessante que a pessoa na altura. Rss
E de facto, era.
O livro de Brad Dukes propõe um mergulho aos bastidores da série.
Desde a ideia original à sua estreia na TV americana.
Nos leva ao primeiro encontro entre David Lynch e Mark Frost, onde eles cogitaram pela primeira vez produzir a série :
" Esta história oral começa em uma cafeteria sem nome em Los Angeles, na Califórnia, onde David Lynch e Mark Frost se encontraram pela primeira vez. Os dois cocriadores de Twin Peaks foram reunidos inicialmente em meados da década de 1980 para colaborar em uma adaptação para o cinema de Goddess, uma biografia de Marilyn Monroe escrita pelo autor Anthony Summers (...)
Passamos igualmente pela escolha do cast, o que assim descrito, parece torutoso ao leitor, mas se tratando do realizador em questão, até que entendemos as razões de tantas entrevistas, idas e vindas até a escolha do actor que se encaixaria perfeitamente no papel.
Tinham que ser brilhantes e naturais. Simples assim. 
O livro é  composto de diversas entrevistas com os atores, produtor, realizador, operadores de câmera, roteiristas, enfim toda a equipe que fez Twin Peaks ser o fenômeno da Tv na década de 90.
São pequenos detalhes, desabafos, verdades que a série não mostrou, superstições nas filmagens, entre outras peculiaridades.
Em se falando nelas, as peculiaridades, graças a Twin Peaks, personagens inesquecíveis como Margareth, a dama do tronco, o Gigante, o pequeno Mike, Nadine e sua obsessão em criar cortinas que não fariam barulho ao correrem, B, a secretária Lucy e o namorado Andy, Gordon e tantos outros.
Personagens fortes e marcantes como o Agente Especial do FBI Dale Cooper, Laura Palmer, Leland Palmer, Bob, Mrs. Palmer, Diane...
Os desajustados James,  Audrey Horne, Bobby, Leo, jovens em busca de si mesmos enquanto tentavam desvendar o que havia de facto acontecido com a amiga Laura.
Além do mais, que espectador não ficou com a frase chave da série por anos na cabeça? Todos queriam saber afinal, "Quem matou Laura Palmer?"
Para os fãs da série, e para a geração que está conhecendo agora a continuação 25 anos depois, pela Netflix, é essencial que leiam este "manual" introdutório ao universo de Lynch.
Sem Twin Peaks não seríamos os mesmos. Eu não sou.
Com a série, uma nova dimensão se abriu em minha mente e desde então não mais de lá sai.
Todas as vezes que tomo um bom café, lembro-me de Cooper no RR Cafe, com sua fatia de Cherry Pie, servida gentilmente por Shelley Johnson, em seu uniforme verde água.
Isto é o que uma boa série nos faz. Entrar, e não mais sair. 
Transformar. 
É mágico.
Boa leitura!
Sugiro uma torta de cereja, muito café, e donnuts....
A receita vem em uma próxima postagem...














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