sábado, 14 de julho de 2012



                    A Mulher de Preto- Susan Hill





A Mulher de Preto, Susan Hill, Record, 2012, Rio de Janeiro
Título original- The woman in black, 1983


"O trabalho estava começando a soar como algo vindo de um romance vitoriano, com uma senhora reclusa que escondeu vários documentos antigos nas profundezas da desordem de sua casa. Eu mal conseguia levar o Sr. Bentley a sério." (pág. 39)


"Em algun lugar nos confins escuros da casa, um relógio começou a badalar e tirou-me de meu devaneio. Sacudindo-me, desviei deliberadamente a mente da questão da mulher no cemitério para a da casa em que estava." (pág. 88)


"O vento havia cessado de uma vez, não havia som a não ser uma leve e mansa sucção da água conforme a maré subia. Como uma senhora havia suportado dia após dia, noite após noite, o isolamento naquela casa, sobretudo por tantos anos, eu não seria capaz de perceber. Eu teria enlouquecido- na verdade, pretendia trabalhar todos os minutos possíveis sem pausa, para verificar os papéis e terminar logo."(Pág. 91)


Ora muito bem!
Costumo dizer que depois dos anos 90, o "boom" dos filmes de terror decaiu bastante, um ou outro vai se safando e o que mais se vê hoje em dia são remakes nem sempre inspirados. Alguns desnecessários de todo.
As reedições de livros que se tornaram filmes, vêm muitas vezes na altura dos lançamentos no cinema. Por um lado é bom para divulgar os livros, mas por outro haverá seguramente quem prefira ver o filme e ficar-se por aí.
Na minha opinião, "A Mulher de Preto", filme 2011, tornou-se um bom exemplo   de como a atmosfera criada por Susan Hill em seu livro, foi levada a sério e bem colocada no grande ecrã.
O livro é um verdadeiro clássico dentro das "ghost stories" e bem merece o adjetivo. Creio que por mais que se tenha falado sobre o livro, sempre haverá espaço para uma releitura, seja para aprofundar o tema, ou simplesmente por lazer.
Arthur Kipps, advogado em Londres é chamado para tratar dos documentos da senhora Alice Drablow proprietária da casa chamada Eel Marsh House. A senhora que vivia sozinha na casa isolada, falecera e a empresa onde trabalhava Arthur ficou encarregada de colocar os papéis em ordem e vender a propriedade.
Quando chega à pequena aldeia Arthur apercebe-se que os moradores têm uma grande receio de falarem sobre Eel Marsh House  e mesmo o cocheiro, Keckwick que faz as travessias para o local onde fica a casa não ultrapassava certos limites de horário ao fazê-las.
Assim que é deixado na propriedade  por Keckwick, Arthur toma consciência do quão isolado está, com a subida da maré, não há como deixar o lugar.
Uma vez dentro da casa, começa a tratar dos papéis da falecida e aos poucos descobre os segredos que a família guardava. A morte prematura de Nathaniel ainda criança foi um deles.
Em conversa com Samuel Daily, único homem na aldeia disposto a ajudá-lo Arthur vai relacionando a morte de Nathaniel e a de outras crianças no povoado, inclusive o filho do próprio Samuel, com as aparições da Mulher vestida de preto.
Disposto a desvendar o mistério das mortes para deixar o lugar o mais depressa possível, e tendo ele próprio visto a sinistra figura na propriedade da sra Drablow, Arthur terá pouco tempo para livrar-se da maldição segundo a qual quem visse a figura espectral da mulher de negro, teria morte certa.
Escrito segundo a boa tradição  das histórias de fantasmas, "  A Mulher de Preto" segue a linha de livros como A volta do Parafuso (Henry James) e A Assombração da casa da colina( Shirley Jackson).
Com um bom enredo e uma atmosfera fantasmagórica sugestiva.
Além disso, é também  uma história trágica com personagens sofridos. A primeira esposa de Arthur morre no parto e ele tem que criar o filho recém nascido. Carrega dentro de si uma tristeza infinita e não tem razão de viver.
A mulher de preto também teve sua cota de sofrimento e tristeza ao ter que separar-se do filho para depois perdê-lo de forma trágica.
Isto sem mencionar o surgimento de mais um mito urbano, no caso, rural, da figura fantasmagórica chamada Mulher de Preto. Assim como ela, também bastante conhecida é a Mulher de Branco que faz aparições às crianças.
São mitos que sempre renovam-se através dos tempos quer pela tradição oral, quer pela escrita.
Leitura obrigatória para quem gosta de histórias de fantasmas e de um livro pictoricamente bem escrito.


Com duas adaptações feitas uma para TV em 1989 e outra para cinema em 2012, e tendo assistido a ambas, posso dizer que a versão para cinema está bastante próxima pictoricamente do livro, cenas exteriores fantásticas, a caracterização do vilarejo e da propriedade Eel Marsh House está espetacular.
Embora tenham alterado o final nesta versão ainda assim vale bem à pena ver  o filme após a leitura do livro.
A adaptação para Tv de 1989 é mais fiel ao enredo e final do livro, porém menos assustadora e caracterizada. Mas vale ser vista com certeza.




A versão para TV






A versão para o cinema


2 comentários:

  1. Estou muito curioso quanto a este livro e o filme. Sempre vejo resenhas positivas, acho que este entra pra minha lista de leitura!

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  2. Joe, o livro é realmente bom, e dessa vez conseguiram fazer uma adaptação bem interessante do livro, o filme também vale á pena. abraço.

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