sábado, 21 de julho de 2012



                 Paranoid Park- Blake Nelson




Paranoid Park, Blake Nelson, Relógio D'Água, 2006, Lisboa.
Título Original, Paranoid Park, 2006


"Muitos dos melhores skaters vão pra lá, vindos da Califórnia, da costa leste, de todo o lado. Também é assim uma espécie de lugar de encontro para putos de rua. Há uma série de histórias, como aquele skinhead que lá foi esfaqueado uma vez. Por isso é que lhe chamam Paranoid Park. Tem aquele ar perigoso e meio inacabado."(pág. 12)


"Então fiz inversão de marcha e dirigi-me para o Paranoid park. Não sei em que é que estava a pensar. Não estava pronto para ir lá sozinho. Não era suficientemente bom. Mas, fosse porque motivo fosse, foi isso que u fiz." (pág.19)


"(...) E se eu fosse acusado de alguma coisa? Foi uma acidente; mas e se a polícia não visse as coisas dessa maneira? Ou se não tivesse sido um acidente?" (pág.32)


"Iam apanhar-me de certeza. As pessoas iam lembrar-se. Ou será que não?"(pág.42)


"Em novembro já não havia mais referências ao homicídio de Paranoid Park. Já não aparecia na televisão nem nos jornais."(pág.153)


Paranoid Park é um parque de skate frequentado por adolescentes e jovens para praticar suas habilidades de skaters.
É também o cenário de um crime disfarçado de acidente. Ou vice versa.
É a história de como às vezes o culpado safa-se à vontade e com folga à la Mr. Ripley. Sorte?
É um livro tenso, bem escrito e dinâmico. Um drama dos dias de hoje: você que é pai, mãe, sabe o que anda a fazer seu filho adolescente? Se não sabe, deveria.
O narrador, é um adolescente como os outros, estudante, mora com os pais, pratica skate nas horas livres, tem amigos e namorada.
Vai ás vezes ao Paranoid Park que é frequentado por toda a sorte de pessoas, por isso os "betinhos" tem que lá estar por sua própria conta e risco.
O narrador, volta sozinho uma noite ao parque e um acidente trágico acontece.
A narrativa toma um rumo tenso, quase paranóico a partir daí.
O rapaz sem saber como agir, e não tendo firmeza o suficiente para disfarçar a tensão, entra num turbilhão de pensamentos conflitantes, alternando entre picos de coragem e retrocessos.
Sua vontade de contar ao pai, ou á namorada é sempre um fracasso devido ao medo das consequências.
O nervoso miudinho aumenta quando a polícia vai a escola entrevistar os skaters. O detetive Brady torna-se mais presente no cotidiano do garoto, fato esse que vem agravar o stress, uma vez que está sempre a espera de ser apanhado.
Brady paira como uma sombra na vida do garoto, como se soubesse a verdade, mas só quisesse a confirmação, uma confissão.
Sobretudo o adolescente torna-se um ser atormentado pela própria consciência, pelo peso da s=decisão que poderá mudar sua vida para sempre.
Ou segue sua consciência e conta o facto tal qual se passou à polícia, ou cala-se e segue sua vida a espera de ver o que acontece.
E o leitor, o que faria? Seria capaz de conviver com um segredo que o atormentasse pelo resto da vida?


Paranoid Park foi adaptado para o cinema pelo realizador Gus Van Sant, em 2007.






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