terça-feira, 26 de março de 2013

                                   

              Histórias Extraordinárias- Edgar. A. Poe                   
                 




Histórias Extraordinárias, Edgar Allan Poe, Abril, s/d
Título original- Tales Of the Grotesque and Arabesque, EUA.

Ora aqui está um exemplo de uma coletânea realmente extraordinária na qual podemos encontrar os contos mais fantásticos e sombrios de Edgar Allan Poe.
Publicados primeiramente em folhetim nomeadamente em The Patriot, por exemplo, veio a tornar-se a marca d'água por assim dizer de Poe, dentro da literatura gótica e como precursor do que hoje conhecemos como literatura policial e de suspense com "The Murders in the Rue Morgue" onde aparece pela primeira vez Auguste. C. Dupin, o detetive criado por Poe.
No decorrer das postagens, vamos  ficar a conhecer cada uma dessas extraordinárias e atemporais histórias, com calma, saboreando cada uma com um bom copo de ....ora bem, Amontillado, talvez?
Boa leitura:

O Barril de Amontillado- ( The Cask of Amontillado- 1846, November)

"Suportei o melhor que pude as injúrias de Fortunato; mas, quando ousou insultar-me, jurei vingança.Vós que tão bem conheceis a natureza de meu caráter, não havereis de supor, no entanto, que eu tenha proferido qualquer ameaça. No fim, eu seria vingado." (pág. 31)


"Recebi um barril como sendo de Amontillado, mas tenho minhas duvidas." (pág. 32)


"Num momento, chegou ao fundo do nicho e, vendo o caminho interrompido pela rocha, deteve-se estupidamente perplexo." (pág. 36)

"Senti o coração opresso, sem dúvida devido á umidade das catacumbas. Apressei-me para terminar o meu trabalho." (pág. 38)







O Barril de Amontillado é um conto denso, forte, estratégico, cruel e sinistro.
Nele, o personagem Montresor arquiteta um plano de vingança digno de um psicopata frio e calculista.
Porém, o termo psicopata ainda não era muito usado para designar esses cruéis assassinos, por isso quando penso em Montresor, não o vejo como um psicopata assassino.
Vejo-o como alguém que se cansou de humilhações, resignações, submissões, acusações,  e que teve a ideia de como acabar com aquele que foi responsável pelo seu pesar e o fez.
Um dia teve a oportunidade esperada e a aproveitou.
Fortunato, a vítima, é convidado pelo amigo numa noite de carnaval a descer até sua adega, nas catacumbas do palácio dos Montresor, com o intuito de tirar uma dúvida acerca de um barril de Amontillado, constatar sua veracidade, posto que podia ser uma imitação do vinho italiano.
Fortunato, cai nas boas graças do amigo e aceita o convite. Uma vez no palácio, os amigos adentram pelas catacumbas onde repousavam os mortos daquela família tradicional, onde segundo Montresor, estaria o barril de Amontillado.
Sem nada desconfiar, Fortunato é conduzido ao piso mais inferior das catacumbas, e depara-se com um nicho vazio no interior de uma das paredes que servira, tempos atrás, de cripta para abrigar os mortos, naturalmente.
Pois bem, sem sujar as mãos de sangue, sem quase nem tocar em Fortunato, Montresor realiza seu plano de vingança de forma magistral, sem pistas, vestígios, testemunhas ou remorso.
Como ele próprio diz no início do conto "no fim, eu seria vingado" Este "no fim" sugere muitas interpretações: no fim de tudo, no fim do meu trabalho, no fim....
Mas, como teria Montresor posto fim a vida de Fortunato?
Como teria ele se safado nesta história?
Aquela colher de pedreiro que ele levara para as catacumbas ter-lhe ia sido útil?
Para descobrir, basta fazer uma visita guiada até as catacumbas dos Montresor, com uma vela bruxuleante nas mãos, e aguçar os ouvidos na tentativa de captar um fraco som de guizos por detrás da parede.....


Nenhum comentário:

Postar um comentário