sábado, 5 de maio de 2012


                     MESSIAS- Boris Starling


Messias,Boris Starling . Bertrand Editora,2009, Lisboa.
Título original- Messiah

"Pousa o livro devagar, no sofá a seu lado, e fecha os olhos.Vem-lhe á cabeça uma citação. Uma citação de O Silêncio dos Inocentes, que ele guarda numa pequena moldura em cima da sua secretária na Scotland Yard. Resolver problemas é andar á caça.È um prazer selvagem e nascemos para isso." (pág. 296)

"Aquele que guarda a sua boca e a sua língua guarda das angústias a sua alma." Provébios, 21:23 (pág 11)

"_ Um de entre vós, trair-me á" (pág.556)

Traição. Crise de consciência. Medo. Mágoa. Um assassino que pensa ser o Messias. Um policial atormentado. Eis o livro.
Messias segue a linha dos policiais com toques requintados das passagens bíblicas, neste caso da reconstituição da agonia de Cristo.
A partida, parece que o leitor está a ser guiado por um labirinto, recebe o convite e entra, para mais adiante ser deixado para trás, entregue a si próprio e tem que encontrar rapidamente a saída.
Ora, até que a saída seja encontrada, terá que passar pelo purgatório e vigiar para não ser apanhado por falsos caminhos. Mas com certeza deixará o labirinto e sairá modificado.
Londres,maio,1998.O início.
Pessoas assassinadas de formas diferentes,com um único ponto em comum uma colher de chá de prata no lugar onde antes havia suas línguas.
O superintendente Red tem nas costas o peso de encontrar o Messias, assim conhecido posteriormente quando a equipa de Red chega a conclusão de que o assassino está a reunir seus apóstolos.O motivo das mortes, sim,mas em quem ele quer chegar? Vai passar pela cabeça do leitor muitas vezes esta questão á medida que os "apóstolos" vão sendo eliminados.
É de facto um thriller empolgante, bem escrito, límpido, personagens consistentes. Numa segunda leitura,mais não seja ao voltar a algumas partes após a revelação final, vê-se claramente pistas deixadas pelo   autor sobre a personalidade do verdadeiro assassino, pequenas palavras, quando descreve seu cotidiano ,as palavras usadas por ele,enfm, questão de perspicácia do leitor.
Como eu disse anteriormente, há que vigiar para não ser apanhado em falsas armadilhas durante a leitura.
A narrativa paralela sobre Eric, o irmão de Red, que, de início parece ser apenas para ilustrar melhor o drama interior vivido pelo policial, acaba por entrelaçar-se com o tempo real  e diz ao que veio.
Para quem gostar de labirintos, venha percorrê-lo com Red Metcalfe e ao final terá sua redenção.
É mesmo disso que se trata. Redenção.Do Messias, de Red, do leitor.
O livro Messias deu origem a uma série da BBC com o mesmo título.

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