Hi Folks!
Que conste nos autos uma nova rubrica aqui no Hello Clarice.
Vai se chamar CRÔNICAS OBSCURAS e vai tratar nomeadamente de pequenos textos com opiniões de minha inteira responsabilidade ( como aliás tudo neste blog) sobre acontecimentos reais que muitas vezes parecem ter saído da ficção.
Serão artigos de jornais e revistas sobretudo, mas documentários serão bem vindos também.
Nem preciso dizer que os assuntos estarão relacionados ao tema principal do blog.
A periodicidade não será fixa, mas pelo menos um artigo a cada mês ou a cada dois pelo menos.
Que conste nos Autos!!!!!!!
Faça uma pausa...sustenha a respiração... Este espaço é do suspense e afins... Beba um chocolate quente, leia um livro, veja um filme...take your time...
segunda-feira, 30 de julho de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
Filme do mês- Julho
Rosemary's Baby- Roman Polanski
Rosemary's Baby, 1968
Realizador- Roman Polanski
Idioma- Inglês
Brasil- O bebê de Rosemary
Portugal- A semente do Diabo
Duração- 136m- cores
Atores/ Personagens Principais- Mia Farrow (Rosemary Woodhouse), John Cassavets (Guy Woodhouse), Ruth Gordon ( Minnie Castevet), Sidney Blackmer ( Roman Castevet)
Este verdadeiro clássico cinematográfico e tão envolto em superstições e maus agouros fora das telas não poderia faltar aqui no Hello Clarice .
Ora bem, a começar pela música de fundo ainda na apresentação do genérico, de embalar????? é bastante sinistra independente de qualquerr contexto. Diga-se de passagem que a voz é da própria Mia Farrow
Sempre achei as músicas infantis das décadas de 60 e 70, ou até mesmo antes disso, bastante tortuosas.Também não gosto de caixas de música e bonecos de corda que tocam tambores e por aí adiante...Principalmente aquele "trec" quando a corda acaba. Horrível. Nada que se move com corda é boa coisa.
Bem voltando ao filme que passa-se em 1966, é a história de um casal, Guy e Rosemary que se mudam para um novo e bem situado apartamento.
O imóvel, segundo um amigo, Hutch, já fora palco de atrocidades quando fora ocupado por freiras. a última inquilina morrera de forma misteriosa.
Uma vez instalados no novo apartamento, Rosemary conhece Terry, na lavanderia do prédio, fica a saber que ela vive com os Castevet, no mesmo andar que o jovem casal.
Nesta mesma noite, Terry lança-se janela abaixo e tem morte instantânea.
Rosemary e Guy ficam então a conhecer os Castevets, Minnie e Roman, aceitam o convite para jantar em casa deles.
Nesta cena do jantar, reparem nos modos á mesa de Minnie, principalmente na hora da sobremesa, terríveis. A Paula Bobone ficaria horrorizada.!!!!
Guy e Rosemary acham o casal de vizinhos um tanto irreverentes, criticam a tagarelice de Minie, a comida....
Mas na noite seguinte Guy volta sozinho ao apartamento para conversar com Roman. A amizade entre eles estreita-se a contragosto de Rosemary.
Guy, que é um ator medíocre, consegue um papel de destaque na peça porque o ator escolhido ficara cego da noite para o dia.
A convivência de Guy com os Castavets é constante após a hora do jantar e Rosemary começa a sentir-se só.
Então vem a gravidez....
A noite da concepção é um pouco confusa para Rosemary que mal se lembra de como aconteceu. Aparentemente havia sido dopada ao jantar com uma mousse de chocolate preparada por Minnie e servida pelo marido.
Ela tem flashes de pessoas ao seu redor, símbolos desenhados em seu corpo, e acorda no dia seguinte com vergões nas costas.
Quando a gravidez é finalmente confirmada, os Castevets convencem-na a trocar de médico, ela passa a ter consultas com o Dr. Sapirstein que lhe proíbe de ler livros sobre gravidez, receita-lhe umas pílulas suspeitas e aconselha as bebidas energéticas preparadas por Minnie.
Rosemary entra num processo inverso de uma gravidez saudável: perde imenso peso, perde vivacidade, perde cores nas faces, sente-se fraca e nervosa. o novo corte de cabelo à Vidal Sasson, vem realçar ainda mais seu aspecto anémico e as olheiras.
Hutch, amigo de Rosemary, ao visitá-la fica chocado com sua aparência e ao ser informado da amizade com os Castevets e suas vitaminas caseiras, vai investigar o casal e erva que compunha a tal vitamina e o amuleto que ela usava.
Quando descobre segredos macabros sobre Roman e Minnie, marca um encontro com a amiga, porém não chega a encontrá-la pois misteriosamente entra em coma e vem a falecer de um coágulo cerebral.
Com o avanço da gravidez, também avançam o isolamento e os temores de Rosemary em relação ao bebê e ao estranho comportamento do marido.
Ás escondidas marca uma consulta com seu antigo médico para pedir ajuda. Mas tudo parece ser um macabro complô para que nenhuma ajuda lhe chegue.
O nascimento do bebé será revelador.
Vai colocar Rosemary em xeque tendo que fazer uma difícil e decisiva escolha.
O filme tem uns picos comparativos interessantes: o personagem Guy que no início do filme é um ator medíocre e um tanto parvalhão ( eu particularmente não gosto do ator) começa uma curva ascendente ao mesmo tempo que Rosemary vai em queda livre para a decadência física e emocional.
Rosemay vai aos poucos sendo isolada, como se um campo de força impedisse que pessoas saudáveis e amigas se aproximassem dela. Guy por sua vez, torna-se mais sociável que nunca.
Rosemary's Baby, segundo Stephen King, em seu livro Dança Macabra, é um daqueles casos em que assistir ao filme corresponde literalmente a ler o livro homônimo de Ira Levin ou vice-versa.
Tanto o filme quanto o livro estão na lista de King como obras a não perder.
Na minha opinião, é um bom filme,uma combinação de terror e uma pitada de humor que dão um charme diferente à produção.
O filme que causou forte impacto em 1968 poderá parecer meio devagar no seu início, mas creio ser proposital, assim temos mais tempo de observação que será fundamental ao unirmos as peças do puzzle.
Curiosidades em nada cor de rosa:
A atriz Sharon Tate, esposa de Roman Polanski estava grávida do primeiro filho, em 1969 quando foi brutalmente assassinada por uma das meninas de Charles Manson. Um anos depois do filme.
No mesmo ano, o produtor William Castle recebeu ameaças de morte por causa do tema anti cristão. Em abril ele é internado com falência renal.
Neste mesmo hospital, estava Krusztof Komeda, compositor da banda sonora, que veio a morrer de um coágulo cerebral.
As cenas dos rituais contou com o auxílio de Anton Lovey, fundador da Igreja de Satã.
Anos depois John Lennon vai viver em um apartamento no mesmo prédio onde o Bebê de Rosemary foi filmado, o Dakota Building. Ele foi morto em 1980 nas imediações do edifício.
O Bebê de Rosemary nasce em junho de 1966. Ou seja, 06/66 o número da Besta, segundo as tradições católicas.
Curiosamente se eu tivesse nascido dois dias depois teria nascido na mesma data. Cum catano!
O Trailer do filme
O Edifício Dakota
Os Castevets
O Drink antes do jantar
O amuleto
A manhã a seguir a concepção
A vitamina de Minie
Rosemary e o bebê
No café do Sr. Fernando
Well, filme escolhido é hora de passar no Café do Senhor Fernando e dar uma espreitadela no prato do dia....
Sugestão: Picanha e Legumes na chapa
Para beber Sr. Fernando sugere vinho tinto da casa
Para sobremesa sugere Mousse de Chocolate da Sofia.
Este menu como diz o Sr.Fernando é bom pra puxar corpo, e diga-se de passagem, a Rosemary bem está a precisar.
Então bom apetite e bom filme!
Ê gato!!!!!
Picanha e legumes na chapa
500 g de picanha ou rosbife
pimenta de moinho
1 beringela
200 g de cogumelos pleurotos
1/2 pimento vermelho
sal limão
óleo
Para o molho
2 dl de molho de soja claro
2 colheres de sobremesa de açúcar amarelo
mais ou menos 4 cm de raiz de gengibre
Corte a carne em fatias muito finas faça-lhes um golpe em cruz. Tempere com pimenta moída na altura.
Lave os legumes e enxugue-os muito bem. Corte a beringela em rodelas com cerca de 1 cm de espessura, salpique-a com sal grosso, regue com um pouco de sumo de limão e ponha a escorrer num coador. Limpe o pimento de sementes e películas brancas e corte-o em tiras largas.
Deite o molho de soja e o açúcar numa tigela e mexa até dissolver. Pele a raiz de gengibre, rale-a, esprema o sumo de limão e junte-o à mistura anterior.
Misture bem e reserve.
Ligue o grelhador e deixe aquecer bem. Passe a beringela por água e enxugue bem.
Pincele a carne com óleo e salpique-a com sal. Coloque os legumes sobre a grelha e a carne na chapa e deixe cozinhar de ambos os lados. Sirva com o molho preparado e acompanhe com arroz branco solto.
O Tintol da Casa
Mousse de Chocolate da Sofia
200 gramas de chocolate em barra para culinária
6 ovos
6 colheres de sopa de açúcar
125 gramas de manteiga
Separam-se as gemas das claras. Derrete-se o chocolate em banho maria.
Bate-se a manteiga com o açúcar e juntam-se as gemas uma a uma.
Acrescenta-se o chocolate derretido a 2 colheres de sopa deste creme.
Bate-se bem e junta-se o restante creme com as 6 claras em castelo.
Toque especial da Sofia
Põem-se sementes de amêndoas no forno, quando estiverem tostadas, espalhar em cima da mousse.
Podem comer sem receio, a receita não é da Minnie !
domingo, 22 de julho de 2012
O Cão da Morte- Agatha Christie
O Cão da Morte, Agatha Christie, 2ª edição, Asa,2007,Porto
Título original- The Hound of Death and Other Stories, 1933
Cá está nossa Dama do Crime, novamente e será sempre bem vinda e mau era se assim não fosse, porque esta respeitosa senhora vai estar cá muitas vezes porque sua obra é fundamental dentro da literatura policial universal.
Porém não é como dama do crime que Agatha Chrisite aqui está hoje mas sim como alguém que senta à beira da lareira e põe-se a contar histórias de mistério mas não deixa seu humor britânico de fora.
É talvez uma faceta que alguns leitores não estão habituados a ver, e vos garanto que é tão boa quanto a faceta da Dama do Crime.
O livro traz doze contos onde o sobrenatural vai ocupar, na maioria deles, o lugar de Miss Marple, Poirot, Tuppence e Tommy.
São contos muitíssimo bem escritos, nos quais o elemento mistério é-nos apresentado na forma de fatos inexplicáveis, sobrenaturais, sutilmente contados, a beirar o horror do livro anteriormente postado aqui "Os melhores contos de Medo, Horror e Morte".
Entretanto, um sobrenatural mais sutil, diluído, menos aterrorizante. Afinal, meus senhores, Agatha Chrisite não é uma escritora de livros de terror.
Mas, nesta sua primeira viagem por estas paragens devo dizer que saiu-se muito bem. E não poderia ser de outra maneira.
Dos doze contos que o livro traz, escolhi quatro para falar um pouquito sobre eles. Os outros, em igual importância, ficam para o leitor que tiver a sorte de ler o livro.
A Candeia
Uma casa antiga há tempos infinitos sem inquilinos. Rumores de que seria assombrada por uma criança. Um cenário típico: a casa antiga, chuva e vento lá fora, sons de passos pelas escadas.
Uma história de assombração na boa tradição britânica.
Assim é o conto "A Candeia". Dez páginas de puro prazer.
Vá, leitor, entre na casa. Conheça sua história!
O Quarto Homem
Num comboio com destino a Newcastle, três senhores se encontram: um médico, um vigário e um advogado. O tema da conversa é uma rapariga chamada Felice Bault cuja morte pouco comum foi notícia nos jornais, ela havia estrangulado a si própria. O médico, Dr.Campbell Clark conta que ela sofria de desdobramento de personalidade podendo chegar a quatro diferentes. O assunto infla-se e as opiniões dos três senhores são diversas.
É aí que um quarto homem até então aparentemente a dormir na carruagem, insurge na conversa com dados reveladores sobre Felice e sua amiga, Annette Ravel.
Não se esqueça de, quando estiver a ler o conto, manter o quarto homem debaixo da vista, ele poderá sumir assim, num piscar d'olhos.
O Cão da Morte
Este conto tem um quê de esoterismo e não ficaria nada mal num episódio de Twinlight Zone, já deu para notar que sou fã da série, não é verdade?
Bem, um convento é invadido por soldados durante a guerra.
Numa das paredes do convento fica gravada com pólvora a cabeça de um enorme cão de caça que torna-se temido na região.
Uma das freiras é procurada pelo Dr. Rose que estaria a fazer um estudo sobre o caso da freira que sofria de alucinações e supostamente teria soltado o Cão da Morte sobre os soldados.
O narrador e sua irmã também vão a procura da freira para obter informações sobre o ocorrido.
Diferente de tudo o que Agatha Christie já escreveu, "O Cão da Morte" leva o leitor a um passeio pelo imaginário esotérico de onde ele voltará certamente com a pulga atrás da orelha.
Portanto, leitor amigo, vá passear e não se esqueça do pó talco contra pulgas. Vai mesmo precisar.
A Telefonia
Aqui, a ironia e o humor negro são os principais personagens desse delicioso conto.
Uma tia solteirona e muito rica descobre que tem um problema sério no coração, fica impedida de fazer esforços e também não se pode aborrecer.
O sobrinho, que vive com ela, sugere a instalação de uma telefonia para que ela se distraia.
Relutante a princípio acaba por ceder e passa suas horas de serão a ouvir sinfonias e meteorologia.
Uma dessas noites, ouve pelo rádio a voz do marido falecido a dizer que viria buscá-la em breve.
Um testamento em jogo. O sobrinho dedicado seria o herdeiro.
Só mesmo lendo o conto. vale á pena.
sábado, 21 de julho de 2012
Paranoid Park- Blake Nelson
Paranoid Park, Blake Nelson, Relógio D'Água, 2006, Lisboa.
Título Original, Paranoid Park, 2006
"Muitos dos melhores skaters vão pra lá, vindos da Califórnia, da costa leste, de todo o lado. Também é assim uma espécie de lugar de encontro para putos de rua. Há uma série de histórias, como aquele skinhead que lá foi esfaqueado uma vez. Por isso é que lhe chamam Paranoid Park. Tem aquele ar perigoso e meio inacabado."(pág. 12)
"Então fiz inversão de marcha e dirigi-me para o Paranoid park. Não sei em que é que estava a pensar. Não estava pronto para ir lá sozinho. Não era suficientemente bom. Mas, fosse porque motivo fosse, foi isso que u fiz." (pág.19)
"(...) E se eu fosse acusado de alguma coisa? Foi uma acidente; mas e se a polícia não visse as coisas dessa maneira? Ou se não tivesse sido um acidente?" (pág.32)
"Iam apanhar-me de certeza. As pessoas iam lembrar-se. Ou será que não?"(pág.42)
"Em novembro já não havia mais referências ao homicídio de Paranoid Park. Já não aparecia na televisão nem nos jornais."(pág.153)
Paranoid Park é um parque de skate frequentado por adolescentes e jovens para praticar suas habilidades de skaters.
É também o cenário de um crime disfarçado de acidente. Ou vice versa.
É a história de como às vezes o culpado safa-se à vontade e com folga à la Mr. Ripley. Sorte?
É um livro tenso, bem escrito e dinâmico. Um drama dos dias de hoje: você que é pai, mãe, sabe o que anda a fazer seu filho adolescente? Se não sabe, deveria.
O narrador, é um adolescente como os outros, estudante, mora com os pais, pratica skate nas horas livres, tem amigos e namorada.
Vai ás vezes ao Paranoid Park que é frequentado por toda a sorte de pessoas, por isso os "betinhos" tem que lá estar por sua própria conta e risco.
O narrador, volta sozinho uma noite ao parque e um acidente trágico acontece.
A narrativa toma um rumo tenso, quase paranóico a partir daí.
O rapaz sem saber como agir, e não tendo firmeza o suficiente para disfarçar a tensão, entra num turbilhão de pensamentos conflitantes, alternando entre picos de coragem e retrocessos.
Sua vontade de contar ao pai, ou á namorada é sempre um fracasso devido ao medo das consequências.
O nervoso miudinho aumenta quando a polícia vai a escola entrevistar os skaters. O detetive Brady torna-se mais presente no cotidiano do garoto, fato esse que vem agravar o stress, uma vez que está sempre a espera de ser apanhado.
Brady paira como uma sombra na vida do garoto, como se soubesse a verdade, mas só quisesse a confirmação, uma confissão.
Sobretudo o adolescente torna-se um ser atormentado pela própria consciência, pelo peso da s=decisão que poderá mudar sua vida para sempre.
Ou segue sua consciência e conta o facto tal qual se passou à polícia, ou cala-se e segue sua vida a espera de ver o que acontece.
E o leitor, o que faria? Seria capaz de conviver com um segredo que o atormentasse pelo resto da vida?
Paranoid Park foi adaptado para o cinema pelo realizador Gus Van Sant, em 2007.
sábado, 14 de julho de 2012
A Mulher de Preto- Susan Hill
A Mulher de Preto, Susan Hill, Record, 2012, Rio de Janeiro
Título original- The woman in black, 1983
"O trabalho estava começando a soar como algo vindo de um romance vitoriano, com uma senhora reclusa que escondeu vários documentos antigos nas profundezas da desordem de sua casa. Eu mal conseguia levar o Sr. Bentley a sério." (pág. 39)
"Em algun lugar nos confins escuros da casa, um relógio começou a badalar e tirou-me de meu devaneio. Sacudindo-me, desviei deliberadamente a mente da questão da mulher no cemitério para a da casa em que estava." (pág. 88)
"O vento havia cessado de uma vez, não havia som a não ser uma leve e mansa sucção da água conforme a maré subia. Como uma senhora havia suportado dia após dia, noite após noite, o isolamento naquela casa, sobretudo por tantos anos, eu não seria capaz de perceber. Eu teria enlouquecido- na verdade, pretendia trabalhar todos os minutos possíveis sem pausa, para verificar os papéis e terminar logo."(Pág. 91)
Ora muito bem!
Costumo dizer que depois dos anos 90, o "boom" dos filmes de terror decaiu bastante, um ou outro vai se safando e o que mais se vê hoje em dia são remakes nem sempre inspirados. Alguns desnecessários de todo.
As reedições de livros que se tornaram filmes, vêm muitas vezes na altura dos lançamentos no cinema. Por um lado é bom para divulgar os livros, mas por outro haverá seguramente quem prefira ver o filme e ficar-se por aí.
Na minha opinião, "A Mulher de Preto", filme 2011, tornou-se um bom exemplo de como a atmosfera criada por Susan Hill em seu livro, foi levada a sério e bem colocada no grande ecrã.
O livro é um verdadeiro clássico dentro das "ghost stories" e bem merece o adjetivo. Creio que por mais que se tenha falado sobre o livro, sempre haverá espaço para uma releitura, seja para aprofundar o tema, ou simplesmente por lazer.
Arthur Kipps, advogado em Londres é chamado para tratar dos documentos da senhora Alice Drablow proprietária da casa chamada Eel Marsh House. A senhora que vivia sozinha na casa isolada, falecera e a empresa onde trabalhava Arthur ficou encarregada de colocar os papéis em ordem e vender a propriedade.
Quando chega à pequena aldeia Arthur apercebe-se que os moradores têm uma grande receio de falarem sobre Eel Marsh House e mesmo o cocheiro, Keckwick que faz as travessias para o local onde fica a casa não ultrapassava certos limites de horário ao fazê-las.
Assim que é deixado na propriedade por Keckwick, Arthur toma consciência do quão isolado está, com a subida da maré, não há como deixar o lugar.
Uma vez dentro da casa, começa a tratar dos papéis da falecida e aos poucos descobre os segredos que a família guardava. A morte prematura de Nathaniel ainda criança foi um deles.
Em conversa com Samuel Daily, único homem na aldeia disposto a ajudá-lo Arthur vai relacionando a morte de Nathaniel e a de outras crianças no povoado, inclusive o filho do próprio Samuel, com as aparições da Mulher vestida de preto.
Disposto a desvendar o mistério das mortes para deixar o lugar o mais depressa possível, e tendo ele próprio visto a sinistra figura na propriedade da sra Drablow, Arthur terá pouco tempo para livrar-se da maldição segundo a qual quem visse a figura espectral da mulher de negro, teria morte certa.
Escrito segundo a boa tradição das histórias de fantasmas, " A Mulher de Preto" segue a linha de livros como A volta do Parafuso (Henry James) e A Assombração da casa da colina( Shirley Jackson).
Com um bom enredo e uma atmosfera fantasmagórica sugestiva.
Além disso, é também uma história trágica com personagens sofridos. A primeira esposa de Arthur morre no parto e ele tem que criar o filho recém nascido. Carrega dentro de si uma tristeza infinita e não tem razão de viver.
A mulher de preto também teve sua cota de sofrimento e tristeza ao ter que separar-se do filho para depois perdê-lo de forma trágica.
Isto sem mencionar o surgimento de mais um mito urbano, no caso, rural, da figura fantasmagórica chamada Mulher de Preto. Assim como ela, também bastante conhecida é a Mulher de Branco que faz aparições às crianças.
São mitos que sempre renovam-se através dos tempos quer pela tradição oral, quer pela escrita.
Leitura obrigatória para quem gosta de histórias de fantasmas e de um livro pictoricamente bem escrito.
Com duas adaptações feitas uma para TV em 1989 e outra para cinema em 2012, e tendo assistido a ambas, posso dizer que a versão para cinema está bastante próxima pictoricamente do livro, cenas exteriores fantásticas, a caracterização do vilarejo e da propriedade Eel Marsh House está espetacular.
Embora tenham alterado o final nesta versão ainda assim vale bem à pena ver o filme após a leitura do livro.
A adaptação para Tv de 1989 é mais fiel ao enredo e final do livro, porém menos assustadora e caracterizada. Mas vale ser vista com certeza.
A versão para TV
A versão para o cinema
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