Meia-Noite, Dean R. Koontz, Record, 1993, Rio de Janeiro.
Título Original- Midnight, 1989
"Viera a Moonlight Cove porque pessoas haviam morrido ali, porque as explicações oficiais de suas mortes eram suspeitas e ele tinha o pressentimento de que a verdade, uma vez descoberta, seria extraordinariamente perturbadora."( pág. 18)
" O que vira no restaurante Perez Family parecia um enigma para o qual qualquer sociólogo, desesperadamente em busca de um tema para sua tese de doutorado, ficaria ansioso para encontrar a resposta." (pág. 50)
"À primeira vista, parece uma cidade como outra qualquer, até mais agradável do que muitas, bem bonita...mas, diabos, depois de algum tempo você tem a sensação de que o povoado todo está conectado." (pág.118)
Recordem a operação que correu mal na Umbrella Corporation...
Agora pensem numa experiência parecida só que com seres inimagináveis...
Estamos no Projeto Falcão da Lua e, com certeza, ninguém em sã consciência gostaria de fazer parte dele.
O tema da criação de uma Nova Raça, uma Raça Superior, já não é novidade na literatura fantástica ou de terror. Isto sem contar com um certo senhor de bigodinho ridículo que fez um estrago e tanto com essas idéias malucas.
Igualmente a idéia de um único ser a monopolizar toda uma cidade ou até mesmo o mundo, também não é original, vejam por exemplo, 1984 de George Orwell.
Experiências que correm mal também não são novidade, lembram-se com ceretza de A Ilha do Dr.Moureau de H.G.Wells,
Koontz reuniu em "Meia-Noite" um pouco de cada um desses livros, e criou sua própria "Ilha do Dr. Moureau" e seu próprio "Resident Evil" salvo seja.
para quem gosta da sensação de estar sendo caçado, a sensação de estar constantemente a correr, sem tempo para respirar, este é o livro certo.
Na pacata cidade de Moonlight Cove mortes misteriosas e brutais ameaçma a segurança dos civis.
Sam Booker, agente do FBI inicia a investigação. Ao chegar à cidade, logo nota que seus habitantes têm um comportamento estranhíssimo, e passa a ouvir sons animalescos perturbadores durante à noite.
A descoberta de que Moonlight está a ser transformada numa Nova Raça, sem sentimentos, sem emoção, mais fortes e com poderes de autoregeneração, leva Sam até ao lado B do projeto Falcão da Lua: "os regressivos", ou seja, aqueles da nova gente que, por defeito, regridem ao estado primitivo mais puro e se tornam predadores.
Descobre ainda que um computador central está ligado a todos os terminais da cidade, a controlar e vigiar pessoas.
A luta do detetive será, então contra o mentor do projeto, Shaddack, a fim de salvar o que resta de Moonlight Cover. E, de caminho, tentar recuperar seu filho Scott há muito "tresmalhado" dos laços familiares.
Durante alguns trechos do livro em que o autor descreve o comportamento apático das pessoas convertidas à Nova Gente, não pude deixar de lembrar do filme Invasores,que é a versão mais recente de Vampiros de Almas (1956) e Invasores de Corpos (1978).
Quem viu o filme há de lembrar da falta de expressão no rosto das pessoas que Nicole Kidman desesperadamente tinha que forjar para não ser descoberta.
Não pude deixar de notar também dois trechos interessantes do livro:
"Em determinado momento evangélico, loquaz, Thomas Shaddack falara em desenvolver uma conexão que ligaria um computador a uma tomada cirurgicamente implantada na base da espinha humana.(pág.174)
Ora, ao ler isso veio-me á cabeça o filme Existenz de Cronenberg, no qual um plug era implantado na base da coluna para que os jogadores pudessem se conectar ao jogo. A energia para jogar vinha da própria pessoa. Um filme por sinal que vale á pena.
2- "Ele agora vivia num mundo lovecaftiano de forças cósmicas e primitivas, de entidades monstruosas caçando a presa à noite, onde seres humanos estavam reduzidos a pouco mais do que gado, onde o universo judeu-cristão de um Deus de amor fora substituído pela criação dos antigos deuses que eram impulsionados por desejos nefastos, que tinham o gosto pela crueldade e uma sede insaciável de poder."(pág.387)
Onde foi que já vi isso? No livro Admirável Mundo Novo de Wells, cá está ele novamente...
Com a referência a Lovecraft, Koontz dá a idéia certa do espírito de Moolight Cover, durante o caos gerado pelo Projeto Falcão da Lua. Melhor exemplo impossível.
Por fim a parte referente à substituição do espírito judaico-cristão pela sede do poder e crueldade, achei-a mais atual e real impossível.
Já leram os jornais hoje?????
Bem, sem rodeios, o livro nada tem de original como narrativa.
Mas o autor se vale bastante da metalinguagem ao longo do livro.
Nada de novo no front.
Mas vale como entretenimento.
1x1. Desempate o leitor!
Ah, gostaria de reproduzir um diálogo entre Sam e o dono do bar que não tem importância nenhuma na trama em si, mas traduz exactamente o que eu penso:
"- Tem Guinness?- perguntou Sam.
- É a bebida essencial de um verdadeiro bar, eu diria. Se não tivéssemos Guinness...bem, seria melhor nos transformarmos numa casa de chá." (pág.24)
Ora nem mais!!!!
Invasores, 2007
Existenz, 1999
Nenhum comentário:
Postar um comentário